Nove pessoas foram presas nesta terça-feira (9), em operação do Ministério Público de São Paulo (MPSP), da Receita Federal e da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) contra responsáveis pelas empresas de transporte público Upbus e Transwolff, que operam linhas de ônibus na capital paulista. As acusações são de envolvimento com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
Segundo as investigações, os envolvidos exploravam o serviço de transporte para lavagem de recursos obtidos no tráfico de drogas, em roubos e outros crimes. Somadas, as duas empresas transportam 700 mil passageiros por dia e receberam R$ 800 milhões vindos dos cofres da prefeitura de São Paulo só no ano de 2023, segundo o MPSP.
Na operação desta terça, foram cumpridos mais de 50 mandados. Nas diligências, nove pessoas foram presas, sendo três em flagrante em meio à apreensão de 11 armas, centenas de munições, pelo menos R$ 161 mil em dinheiro vivo, além de quantias em dólares e barras de ouro e bens de luxo, como carros e lanchas. Também houve o bloqueio de quase R$ 600 milhões.
Além da cidade de São Paulo, os agentes que foram às ruas cumpriram mandados nos municípios de Barueri, Cotia, Guarujá, Guarulhos, Itapecerica da Serra, Itaquaquecetuba, Itu, Mauá, Santana de Parnaíba, São Bernardo do Campo e São José dos Campos, todos no estado de São Paulo.
Por conta da operação, as duas empresas passaram por intervenção pública. A Prefeitura de São Paulo nomeou dois diretores da SPTrans (empresa responsável pela gestão do transporte por ônibus na cidade) para comandar as empresas.
Em entrevista à rádio CBN, o prefeito Ricardo Nunes disse que os funcionários das empresas, como motoristas e cobradores, seguirão trabalhando e os serviços não sofrerão impactos. A Transwolff opera na Zona Sul, da capital paulista; a Upbus, na Zona Leste.
Operações criminosas
A Receita Federal analisou movimentações financeiras dos acusados e identificou compras de empresas e entrada em quadros societários por parte de alguns deles, com o objetivo de dar aspecto de legalidade às operações ilícitas. Um dos alvos da operação, por exemplo, é dono de um imóvel avaliado em R$ 10 milhões, mas que foi declarado por R$ 800 mil.
Segundo a Receita, as pessoas alvo das investigações detêm, juntas, um patrimônio declarado de mais de R$ 148 milhões e, só entre 2020 e 2022, movimentaram mais R$ 732 milhões em contas correntes. As empresas investigadas distribuíram dividendos milionários aos sócios, mesmo em anos em que houve prejuízos. Vale lembrar que os dividendos são isentos de imposto de renda.
A investigação encontrou dezenas de operações de compra e venda de imóveis e artigos de luxo por meio de empresas de fachada e laranjas. Contadores experientes eram contratados para viabilizar as operações e esconder as movimentações ilítcitas. Esses contadores também são alvo da operação.
Edição: Matheus Alves de Almeida