O bilionário conservador estadunidense, Elon Musk, proprietário rede social X, passou a integrar no domingo (7), a lista de investigados no inquérito já existente das milícias digitais antidemocráticas, por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. 'Redes sociais não são terra sem lei! As redes sociais não são terra de ninguém', escreveu o ministro em letras maiúsculas na decisão.
A decisão aconteceu após o ataque de Musk dirigido a Moraes pela rede social X. Em postagem em seu perfil oficial, o biolonário defendeu que o ministro do STF deveria renunciar ao cargo ou sofrer impeachment. "Em breve, X vai publicar tudo o que foi exigido por @Alexandre e como essas exigências violam a lei brasileira. Este juiz tem aberta e repetidamente traído a Constituição e o povo do Brasil", escreveu na postagem.
Moraes também decidiu pela abertura de uma investigação da conduta do proprietário da rede social X por obstrução à Justiça e incitação ao crime. O ministro ordenou ainda que a rede X cumpra todas as determinações da Justiça brasileira e fixou multa de R$ 100 mil para cada perfil que ele reativar irregularmente.
Essa não é a primeira vez que Elon Musk tenta influenciar a política interna de países da América Latina. Além do Brasil, Venezuela, Bolívia e Argentina estão entre os países onde o bilionário passou a se intrometer na política interna, sempre procurando favorecer grupos ou políticos conservadores e de extrema direita.
“A Venezuela possui uma grande riqueza em recursos naturais. Se Chávez não tivesse destruído sua economia aumentando o papel do governo até o socialismo extremo, o país seria muito próspero”, publicou em seu perfil no X na última semana.
Defesa da extrema direita e interesse no lítio
Em 2020, Musk que ainda não era proprietário do X, usou seu perfil no antigo Twitter para defender abertamente um golpe na Bolívia: “Vamos dar golpe em quem quisermos! Lide com isso”. A ameaça foi uma resposta a uma postagem enviada ao bilionário sobre seu interesse em impedir que o ex-presidente boliviano Evo Morales continuasse no poder.
O tweet que provocou Musk dizia: “Você sabe o que não interessa às pessoas? O governo dos EUA organizando um golpe contra Evo Morales na Bolívia para que você possa obter lítio lá”.
Em 12 de março de 2020, o Brasil de Fato publicou a reportagem "Elon Musk, a fábrica da Tesla no Brasil e a conquista do lítio sul-americano", de Vijay Prashad (historiador, jornalista e editor indiano) e de Alejandro Bejarano (músico, cineasta e gerente de redes sociais boliviano). O texto aborda os interesses de Musk em relação lítio das baterias que alimentam os veículos da Tesla tendo como pano de fundo a disputa que motivou o golpe de Estado contra Evo Morales, na Bolívia.
Além de proprietário da rede social X, Musk é fundador e principal investidor da fabricante de carros elétricos Tesla, da Space X, Neuralink, Starlink e OpenAI. Seu discurso em apoio de governos de extrema direita na região está ligado a seu interesse econômico pelo lítio.
O exemplo mais recente é seu apoio ao governo de Javier Milei na Argentina que, ao lado de Bolívia e Chile faz parte do "Triângulo do Lítio", com importantes reservas do metal tão cobiçado pelo empresário, essencial para a fabriação das baterias para seus carros elétricos.
“A prosperidade está prestes a chegar à Argentina”, publicou assim que Milei venceu as eleições. “Temos que conversar, Elon”, respondeu Milei no X. Em entrevista à Bloomberg, o presidente ultraliberal da Argentina afirmou que Musk “terá um papel preponderante na nova Argentina" e que sua empresa, Starlink "já está entrando na Argentina.” A empresa que oferece conexão à internet via satélite já tem presença no Brasil, Chile e México.
Edição: Rodrigo Durão Coelho