Ataques aéreos e de drones de Israel mataram ao menos 42 pessoas na província síria de Aleppo nesta sexta-feira (29), segundo Observatório Sírio para os Direitos Humanos, com sede no Reino Unido.
Entre as vítimas, estariam soldados sírios, integrantes do grupo militante Hezbollah – apoiado pelo Irã – e civis.
Os ataques atingiram um depósito de mísseis do grupo, perto do aeroporto internacional de Aleppo, e uma cidade próxima que abriga uma instalação militar.
Segundo relatos, pelo menos 36 soldados sírios e seis combatentes do Hezbollah foram mortos nos ataques e dezenas de pessoas ficaram feridas. Não houve declaração imediata das autoridades israelenses. Israel lança frequentemente ataques contra alvos ligados ao Irã na Síria, mas raramente os reconhece.
"Pelo menos 36 soldados foram mortos e dezenas ficaram feridos", disse o Hizbollah, que tem uma extensa rede de fontes na Síria. "Vale a pena notar que este é o maior número de mortes já registrado entre as forças do regime em um único ataque israelense em território sírio."
Militares israelenses disseram que "não comentariam as reportagens da mídia estrangeira". O país já lançou vários ataques na Síria desde o início da guerra civil no país em 2011 e tenta cortar rotas de abastecimento do Hezbollah para o Líbano.
Gaza
Ignorando a resolução aprovada no início da semana pelas Nações Unidas que pede cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza, Israel mantém o ritmo do massacre, com o registro de 71 palestinos mortos e 122 feridos nas últimas 24h entre esta quinta e sexta-feira (29), segundo fontes locais.
Cerca de 15 pessoas morreram em bombardeio contra um centro esportivo na Cidade de Gaza. Houve bombardeio também em uma mesquita no campo de refugiados de Jabalia.
No campo diplomático, a relatora especial da ONU para os Territórios Palestinos Ocupados, Francesca Albanesa, elogiou o fato de a Irlanda se unir à África do Sul no caso de genocídio contra Israel em curso na Corte Internacional de Justiça.
"A Irlanda tem historicamente sido por princípio uma forte voz na questão palestina (enquanto outros países europeus perderam o rumo)", escreveu ela no X (antigo Twitter). "Que ela [o país] prossiga em sua busca por justiça."
I welcome #Ireland's decision to join #SouthAfrica's proceedings before the ICJ. Ireland has historically been a strong principled voice on the question of Palestine (while other #EU countries have lost their compass). May it continue to lead in the pursuit of justice. https://t.co/btldfQuuLV
— Francesca Albanese, UN Special Rapporteur oPt (@FranceskAlbs) March 29, 2024
A Irlanda disse que se une ao processo legal na corte da ONU porque as preocupações relativas à guerra israelense em Gaza "não poderiam ser mais fortes".
Contexto
O atual massacre israelense na Faixa de Gaza — ou operação militar, como chama Israel — começou em outubro do ano passado, mas as condições no território palestino já eram consideradas "sufocantes" pela ONU antes disso.
O bloqueio israelense de 17 anos — para obrigar o Hamas, partido que ganhou as eleições palestinas em 2006, a abdicar do poder — gerou taxas de desemprego de 45% e insegurança alimentar que atingia 64% da população. A ONU calculava que mais de 80% dos moradores de Gaza dependiam de ajuda externa para sobreviver.
Em 7 de outubro, integrantes do Hamas ingressaram em Israel e realizaram o ataque mais violento já sofrido pelo país, deixando cerca de 1,2 mil mortos e capturando 240 reféns. A resposta do governo Netanyahu foi considerada desproporcional pela comunidade internacional. Bombardeios diários no que é considerado um dos territórios mais densamente povoados do mundo vêm causando a morte de dezenas de milhares de palestinos e destruindo toda a infraestrutura de Gaza.
O número de vítimas fatais ultrapassou 32 mil palestinos — cerca de 70% mulheres e crianças —, com mais de 8 mil pessoas desaparecidas debaixo dos escombros. Foram destruídos 35% dos prédios e praticamente todos os mais de dois milhões de habitantes foram forçados a deixar suas casas.
No outro território palestino ocupado, a Cisjordânia, a violência ilegal praticada por colonos israelenses é diária, com mais de 500 mortos. Desde o início do conflito, milhares de palestinos foram presos e o governo anunciou que outros milhares vão ser detidos este ano.
A ONU alerta para o desastre humanitário, acusando Israel de usar a fome coletiva como arma de guerra e ressaltando a possibilidade real de que centenas de milhares de palestinos venham a morrer por falta de alimentos.
Edição: Nicolau Soares