Justiça

Condenação de envolvido na morte da militante do MAB Dilma Ferreira é 'sopro de esperança', diz dirigente

Valdenir Farias Lima foi condenado a 63 anos por mediar o contato entre o mandante e os quatro matadores

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Dilma Ferreira Silva ao lado da então presidenta Dilma Rousseff (PT), após reunião com os atingidos - Foto: Divulgação/MAB

A condenação de Valdenir Farias Lima, nesta segunda-feira (18), representou um "sopro de esperança" para os integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Ele foi condenado por fazer participar da Chacina de Baião, como ficou conhecido o assassinato de seis trabalhadores rurais no Pará em 2019. Entre as vítimas, estava a militante Dilma Ferreira, da coordenação nacional do movimento.

Lima foi condenado a 63 anos e 11 meses por mediar o contato entre o fazendeiro Fernando Rosa Filho, apontado como mandante do crime, e os quatro matadores contratados: os irmãos Glaucimar Francisco Alves, Marlon Alves, Alan Alves e Cosme Francisco Alves. No ano passado, Cosme foi condenado a 67 anos, quatro meses e 24 dias de prisão. Glaucimar está foragido. Alan e Marlon morreram também em 2019, oficialmente em confronto com a polícia.

Agora, a expectativa é que o fazendeiro Fernando Rosa Filho também seja condenado na sequência. Ele está preso preventivamente desde 2019.

"De certa forma, [a condenação] representa um sopro de esperança para aqueles que lutam para que os assassinos dos defensores de direitos humanos, defensores da Amazônia, não continuem impunes e não continuem fora da cadeia cometendo os seus crimes", afirma Iury Paulino, da coordenação nacional do MAB.

"Esperamos que todos os outros acusados possam ser julgados e punidos no rigor da lei. E que isso represente uma virada na Amazônia com relação a quem cometeu crime contra os defensores de direitos humanos. Que a justiça possa chegar a eles para que a gente acabe com essa prática que é tão prejudicial e é tão danosa aos povos da Amazônia."

A chacina de Baião  

Era 21 de março de 2019, três trabalhadores do fazendeiro Fernando Rosa foram mortos a tiros e carbonizados na zona rural de Baião, no Pará. Segundo as investigações do Ministério Público, os funcionários — Venilson da Silva Santos, Raimundo Jesus Ferreira e Marlene da Silva Oliveira — tinham ameaçado denunciar o patrão por falta de pagamento e por submetê-los a condições de trabalho análogas à escravidão. Também saberiam da existência de uma pista de pouso clandestino na fazenda.

Horas depois, na madrugada de 22 de março, Dilma Ferreira, seu companheiro Claudionor Costa da Silva e um amigo, Milton Lopes, foram mortos a facadas no Assentamento Salvador Allende.

De acordo com o Ministério Público, apesar do assassinato dos três, o alvo era apenas Dilma Ferreira. Ativista maranhense, atingida por barragem e liderança rural da região, a coordenadora do MAB denunciava a extração ilegal de madeira feita pelo fazendeiro Fernando Rosa, cuja propriedade fazia fronteira com o assentamento.

Edição: Nicolau Soares