O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse nesta segunda-feira (18) que o ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe e o fundador do partido opositor venezuelano Vontade Popular, Leopoldo López, planejaram “ataques terroristas” contra a Venezuela. Segundo o mandatário, os planos estavam sendo articulados com paramilitares para serem realizados na fronteira com a Colômbia.
Em discurso no programa Maduro+, o presidente venezuelano disse que os planos seriam executados em locais ao redor do estado de Zulia. O objetivo era atacar serviços públicos durante o período eleitoral. Maduro pediu “alerta máximo” às Forças Armadas e aos serviços de inteligência do país pela “paz e segurança na Venezuela”. O chefe do Executivo afirmou ainda que os planos não vão desestabilizar o crescimento econômico e “perturbar a festa eleitoral da democracia” das eleições presidenciais, marcadas para 28 de julho.
“Tenho informação de que Leopoldo López se encontrou com outros terroristas como Álvaro Uribe Vélez e tenho informação sobre planos de que se preparam para atacar as regiões dos Estados de Zulia e Táchira, com terroristas, paramilitares e para atacar serviços públicos”, disse Maduro.
Leopoldo López foi condenado a quase 14 anos de detenção pela morte de 13 pessoas durante as guarimbas - atos violentos de opositores - ocorridos em 2014, por isso cumpria prisão domiciliar desde 2015. No entanto, o braço direito de Juan Guaidó fugiu da detenção para colocar em prática uma tentativa de golpe de Estado no dia 30 de abril de 2019. López pediu refúgio na embaixada espanhola em Caracas e fugiu para Madri em outubro de 2020.
::O que está acontecendo na Venezuela?::
Uribe tem rivalidade histórica com o chavismo, desde o período em que comandou a Colômbia, de 2002 a 2010. O ex-presidente venezuelano Hugo Chávez rompeu relações diplomáticas com a Colômbia no último ano de mandato de Uribe. Bogotá havia denunciado ao Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) a existência de acampamentos das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e do Exército de Libertação Nacional (ELN) na Venezuela.
O então chefe do Executivo da Venezuela chamou Uribe de “mentiroso, obsessivo e mafioso”.
Esse é o segundo caso de acusações de planos contra o país e o governo venezuelano. Em janeiro, o Ministério Público da Venezuela confirmou a condução de investigações contra ao menos cinco planos de golpes de Estado que incluiriam a morte do presidente, Nicolás Maduro, e do ministro da Defesa, Vladimir Padrino López.
Segundo o procurador-geral da República, Tarek William Saab, foram realizadas 32 prisões de pessoas acusadas de conspiração.
Candidatura confirmada
No sábado (16), Maduro confirmou que será o candidato do Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV). Aos 61 anos, ele buscará o 3º mandato para tentar dar continuidade ao chavismo no país. A escolha de Maduro foi feita por mais de 4 milhões de militantes do partido.
Em seu discurso, Maduro disse que estava aceitando a candidatura “pelo povo” e que tem viajado pelo país e encontrado “um povo patriótico, cheio de heroísmo, mas acima de tudo, cheio de esperança”.
O momento é favorável ao governo, que tem usado os indicadores econômicos como parte da pré-campanha para divulgar os resultados positivos da gestão. Nos últimos dias, o Banco Central do país divulgou que a taxa de inflação mensal de fevereiro foi de 1,2%,a mais baixa em 12 anos.
A oposição ainda não tem um candidato definido. A principal candidata opositora, María Corina Machado, está inabilitada por 15 anos. Com isso, partidos que querem derrotar o presidente Nicolás Maduro nas eleições de 2024 terão que definir, até 25 de março, seus candidatos para a disputa.
Um personagem que passou a ser ventilado pela oposição nas últimas semanas é o governador do Estado de Zulia, Manuel Rosales. Nome conhecido da política venezuelana, já foi deputado, prefeito de Maracaibo e chegou a disputar as eleições presidenciais de 2006 contra o então presidente Hugo Chávez.
Edição: Rodrigo Durão Coelho