O presidente da Bolívia, Luis Arce, anunciou nesta terça-feira (5) a troca de cinco ministros. De acordo com o secretário-executivo da maior central sindical do país, a Central Obrera Boliviana (COB), Juan Carlos Huarachi, as mudanças foram feitas depois de pedidos de organizações sociais.
O cientista político e professor da Universidade Católica de La Paz Marcelo Arequipa afirma ao Brasil de Fato que as trocas foram feitas em parte pela pressão de movimentos, mas também como uma forma de acomodar grupos de apoio do presidente no governo já mirando a disputa contra o grupo do ex-presidente Evo Morales.
O novo ministro do Desenvolvimento Rural será Santos Condori Nina, integrante da Confederação Sindical Única de Trabalhadores Camponeses de Bolivia (Csutcb). O grupo apoia o presidente na disputa interna do partido Movimento ao Socialismo (MAS) com os apoiadores de Evo. Em outubro de 2023, Arce chegou, inclusive, a afirmar que a Csutcb estava alerta para defender a democracia ante as “ameaças de grupos que propõem a divisão e desestabilização”.
O novo ministro é próximo ao vice-presidente David Choquehuanca, que tem grande influência na região do altiplano norte.
Outra troca foi no ministério de Minas e Metalurgia. Alejandro Santos Laura assume a pasta tendo na bagagem a direção da Federação Nacional de Cooperativas Mineiras da Bolívia (Fencomin). A organização também está na base de apoio de Luis Arce e sempre mostrou favorável ao presidente durante bloqueios de estradas por movimentos camponeses.
O Ministério de Culturas terá sob seu comando Esperanza Guevara, integrante da Federação Sindical Única de Mulheres Bartolina Sisa. O grupo também está na base de apoio do presidente Luis Arce.
Na Educação, Omar Véliz Ramos assumiu no lugar de Édgar Pary. O novo ministro do Meio Ambiente será Humberto Alan Lisperguer Rosales, que ocupa a vaga deixada por Rubén Méndez.
A disputa interna entre apoiadores de Evo Morales e de Luis Arce começou quando Evo voltou à Bolívia em 2020, após passar um ano exilado na Argentina por conta do golpe de Estado que levou à derrubada de seu governo, em 2019. O ex-presidente começou a criticar algumas decisões de Arce e seu apoiadores.
O estopim na corrida pela liderança do MAS se deu em outubro de 2023, quando Morales organizou um congresso em Lauca Eñe, no distrito de Cochabamba. A região é berço político e reduto eleitoral do ex-presidente. No evento, ele chamou os apoiadores de Luis Arce de “traidores”.
Edição: Rodrigo Durão Coelho