O governador da Província de Buenos Aires, Axel Kicillof, usou seu discurso na abertura do ano legislativo nesta segunda-feira (4) para dar uma resposta à fala do presidente Javier Milei, que discurou na abertura dos trabalhos do Congresso Nacional argentino na última sexta-feira (1).
"Os problemas não se resolvem com motoserra, com dinamite ou ajustes", disse o governador sobre as políticas ultraliberais que estão sendo implementadas pelo governo Milei. Na última semana, um grupo de governadores argentinos liderados por Kicillof anunciou que vão à Suprema Corte de Justiça contra o governo federal, sob a acusão de "roubar os recursos das províncias".
Em seu discurso no Congresso na sexta (1), Milei afirmou que continuará com as reformas econômicas, que vêm desagradando boa parte da população, com ou sem o apoio de políticos. "Nossas convicções são inabaláveis. Vamos ordenar as contas públicas com ou sem a ajuda do restante da liderança política", disse o presidente, que garantiu que utilizará "todos os recursos legais do Poder Executivo nacional" para implementar as reformas.
Economista que comandou o Ministério da Fazenda argentino nos dois últimos anos do segundo mandato de Cristina Kirchner (2007-2015), Kicillof classificou o atual momento da Argentina como "uma circunstância muito incerta e sombria", um "experimento extravagante" que "exige ações extraordinários do governo provincial." "Somos o governo da transformação, mas essa vontade de transformar não implica saltar ao abismo ou experimentar com receitas esotéricas, anacrônicas, importadas ou fracassadas por mais impactantes que pareçam".
Kicillof também apontou contradições no discurso de Milei, que se coloca contra as "castas políticas", mas tem no primeiro escalão de seu governo ex-funcionários do ex-presidente Maurício Macri, como o ministro da Economia, Luis Toto Caputo, o ex-presidente do Banco Central, que hoje atua como assessor informal de Milei, Federico Sturzenegger, e Patricia Bullrich, nomeada ministra da Segurança de Milei.
"Esses são os novos governantes que você prometeu? É por isso que dizemos que apesar dos discursos violentos, dos trolls nas redes, muitos eleitores deste governo se sentem traídos: o ajuste foi para eles e foi para todos, e o governo está cheio de os mesmos de sempre, os mesmos que várias vezes prejudicaram o país".
Edição: Rodrigo Durão Coelho