Censo 2022

Pretos, pardos e indígenas sofrem mais com falta de esgoto do que brancos

Dados divulgados pelo IBGE apontam que 49 milhões de brasileiros vivem em residências sem saneamento completo

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
37,5% da população nacional não tem coleta de esgoto em suas residências, segundo o Censo 2022 - Foto: Thiago Araújo / INESC

A população preta, parda e indígena do Brasil é a mais prejudicada pela falta de saneamento básico em suas residências, segundo dados do Censo 2022 divulgados nesta sexta-feira (23) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Das 49 milhões de pessoas vivendo sem coleta de esgoto em seus lares, cerca de 70% declaram ser negros ou indígenas.

Pretos, pardos e indígenas são cerca de 55% da população nacional.

De acordo com o IBGE, os pardos são 45% da população brasileira. Representam 58% dos habitantes do país sem esgoto adequado.

Os pretos são 10,2% da população e 10,4% dos sem esgoto adequado. Já os indígenas são 0,8% da população e 1,4% dos sem esgoto.

Brancos, por sua vez, são mais de 43% da população. Entre os que não têm coleta de esgoto em suas casas, são só 29% – quase metade da proporção dos pardos.

Amarelos são 0,4% da população e 0,1% dos sem esgoto adequado.

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"Esse panorama está ligado à distribuição regional dos grupos, com presença maior da população de cor ou raça preta, parda e indígena no Norte e Nordeste, regiões com menor infraestrutura", explicou Bruno Perez, analista de pesquisa do IBGE.

Segundo ele, em todos os 20 municípios brasileiros mais populosos, a população de cor ou raça branca tem mais acesso a abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo do que a população de cor ou raça preta, parda e indígena.

Melhoria generalizada

De acordo com o IBGE, 62,5% dos lares brasileiros tinha coleta de esgoto em 2022. Em 2010, data do Censo anterior, eram 52,8% e, em 2000, 44%.

"Entre os serviços que compõem o saneamento básico, a coleta de esgoto é o mais difícil, pois demanda uma estrutura mais cara do que os demais. O Censo 2022 reflete isso, mostrando expansão do esgotamento sanitário no Brasil, porém com uma cobertura ainda inferior à da distribuição de água e à da coleta de lixo", acrescentou Perez.

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Segundo o IBGE, a fossa rudimentar ou buraco ainda é a alternativa usada por 19,4% da população. Outros 2% da população usam rio, lago, córrego ou mar como esgoto e 1,5%, uma vala.

A região Sudeste foi a que apresentou a maior parcela da população com coleta de esgoto: são 86,2%. A Norte teve a menor: 22,8%.

Entre os estados, São Paulo lidera em coleta de esgoto, com 90,8% da população atendida. Amapá tem o pior atendimento, com 11%.

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Na comparação entre 2010 e 2022, todas as unidades da federação registraram crescimento da proporção da população residindo em domicílios com coleta. A maior evolução foi registrada no Mato Grosso do Sul, passando de 37,7% em 2010 para 72,5% em 2022 – 34,8 pontos percentuais de crescimento.

São Caetano do Sul (SP), Júlio Mesquita (SP) e Vitória (ES) foram as cidades com as maiores taxas de população atendida: 99,95%, 99,81% e 99,65%, respectivamente.

Em 2022, 3.505 municípios tinham menos da metade da população morando em domicílios com coleta de esgoto.

Edição: Nicolau Soares