O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou nesta sexta-feira (23) mais de 500 novas sanções contra a Rússia em resposta à morte de Alexei Navalny e à guerra na Ucrânia. Mais uma vez, o democrata culpou Putin publicamente pela morte do opositor.
Em um discurso, na Casa Branca, Biden afirmou que as sanções “vão garantir que Putin pague um preço ainda mais caro pela sua agressão internacional e sua repressão interna”.
O presidente também aproveitou a ocasião para pressionar os deputados republicanos a aprovarem um novo pacote de ajuda financeira à Ucrânia, Israel e Taiwan: “É por isso que a Câmara dos Deputados precisa passar a lei de suplementação de segurança bipartidária, antes que seja tarde de mais”, disse Biden.
Na quinta, em viagem de campanha a São Francisco, na Califórnia, Biden se reuniu com a viúva e a filha de Navalny, que estuda na universidade de Stanford. No encontro, esposa do líder oposicionista também culpou Putin pela morte. As autoridades russas afirmam que Alexei Navalny morreu de causas naturais.
As sanções e seu impacto
O pacote de sanções anunciado hoje é o maior desde o início da guerra na Ucrânia. Nos últimos quase 2 anos, mais de 4 mil entidades foram sancionadas pelos EUA em resposta à guerra.
As novas medidas anunciadas pela Casa Branca são diversas. Elas vão desde uma lista de aproximadamente 100 empresas e indivíduos russos que ficam proibidos de exportar até cidadãos de países como China, Emirados Árabes Unidos, Vietnã e Liechtenstein que teriam colaborado com o Kremlin.
No entanto, o efeito das novas sanções sobre a economia russa devem ser mínimos. A Rússia já é o país mais sancionado do mundo e, desde o início da guerra, já encontrou formar de driblar as restrições impostas por Washington.
As sanções, na verdade, estão ameaçando o domínio do próprio dólar estadunidense. Em dezembro, o primeiro-ministro russo, Mikhail Mishustin, anunciou que Rússia e China abandonaram por completo o uso do dólar no comércio bilateral.
Situação semelhante acontece com a Índia, que compra petróleo cru dos russos utilizando majoritariamente outras moedas, como o dirham dos Emirados Árabes Unidos e a própria rúpia indiana.
"Baratas e moscas"
Alexei Navalny foi um blogueiro, advogado e político russo que se notabilizou por sua oposição a Putin e seus laços com a extrema direita. Eles costumava atender a atos de grupos ligados ao fascismo e xenófobos. Concorreu à prefeitura de Moscou em 2013 com uma plataforma de ataques a imigrantes, a quem chamou de "delinquentes".
Tentou concorrer também ao pleito presidencial de 2018, mas teve sua candidatura negada. Acusou o governo russo de tentativa de envenenamento em 2020, por sua campanha de denúncias de corrupção. Está preso na Rússia desde que voltou ao país em janeiro de 2021.
A Anistia Internacional retirou seu nome da lista de "prisioneiros de consciência" após a divulgação de um vídeo no qual ele compara imigrantes a baratas e moscas e fingia dar um tiro em uma mulher vestida de burca, traje típico islâmico.
O governo russo disse que sua morte na prisão foi devido a "causas naturais".
Edição: Rodrigo Durão Coelho