O governo da África do Sul afirmou que o regime imposto por Israel nos territórios palestinos ocupados é "mais extremo" do que o apartheid, o regime racista que vigorou o país entre 1948 e 1994. As declarações foram feitas nesta terça (20) em audiência na Corte Internacional de Justiça (CIJ) em Haia que analisa - à pedido da ONU - as consequências legais da ocupação de Israel dos territórios palestinos.
"Como sul-africanos percebemos, vemos, escutamos e sentimos mais profundamente as políticas e práticas discriminatórias desumanas do regime israelense como uma forma ainda mais extrema do apartheid institucionalizado contra as pessoas negras de meu país", afirmou o representante da África do Sul, Vusumuzi Madonsela.
O embaixador classificou a presença israelense em territórios palestinos de "ocupação ilegal". "É indistinguível do colonialismo dos colonos. O apartheid de Israel deve acabar".
Madonsela disse ainda que a Árica do Sul teria um dever moral de denunciar o tratamento recebido pelos palestinos, justamente por terem sofrido a experiência do apartheid.
O que são as audiências?
Na CIJ, a delegação brasileira afirmou que as violações israelenses nos territórios ocupados "não podem ser aceitas ou normalizadas". Os diplomatas brasileiros compararam a ocupação com uma "anexação".
Apesar de ocorrer durante o mais recente massacre cometido pelos israelenses na Faixa de Gaza que começou no dia 7 de outubro do ano passado, as audiências que começaram na segunda (19) em Haia não estão necessariamente relacionadas com a ofensiva.
Elas ocorrem após a Assembleia Geral da ONU pedir uma chamada "opinião consultiva", não vinculante, à CIJ sobre as "consequências jurídicas derivadas das políticas e práticas de Israel nos Territórios Palestinos ocupados, incluindo Jerusalém Oriental".
É esperada a participação de até 52 países, entre eles Estados Unidos, Rússia e China.
Israel, que não deve participar das audiências, alegou nesta segunda-feira que a CIJ não teria "legitimidade" para o caso e disse que as audiências querem "atacar o direito de Israel de se defender".
Ainda que a futura decisão tomada pela Corte não seja vinculante, uma sentença desfavorável para Israel deve elevar a pressão internacional contra o país para que interrompa os ataques contra a Faixa de Gaza, que já deixaram 29 mil palestinos mortos, a maioria mulheres e crianças.
Edição: Rodrigo Durão Coelho