Eleições 2024

Governo e oposição se reúnem para discutir calendário eleitoral na Venezuela

Grupo oposicionista Plataforma Unitária entregou proposta de calendário e sugeriu pleito em dezembro

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
De acordo com o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, foram feitas reuniões com “100% das organizações políticas e com todos os setores de oposição” - Federico PARRA / AFP

Representantes do governo e da oposição se reuniram nesta segunda-feira (19) para discutir propostas de calendário eleitoral para a Venezuela em 2024. O encontro foi mais um da série de debates abertos pelo governo no começo de fevereiro em uma mesa de diálogos com partidos políticos venezuelanos. 

Na reunião, o grupo de oposição Plataforma Unitária Democrática (PUD) apresentou uma proposta de calendário eleitoral. Segundo o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, o texto ficou “muito parecido” com as outras propostas que já estão sendo discutidas. 

Ainda de acordo o presidente da Casa, já há um projeto unificado depois de ter feito reuniões com 42 partidos políticos, representantes da Federação de Câmaras e Associações de Comércio e Produção da Venezuela (Fedecámaras) e com lideranças dos setores educativo e religioso. Ele disse que foram feitas reuniões com “100% das organizações políticas e com todos os setores de oposição”.

A reunião foi mediada por um representante do governo da Noruega. Depois do encontro, Jorge Rodríguez anunciou que terá uma reunião às 19h (horário de Brasília) desta segunda-feira com os partidos para revisar o projeto que está sendo finalizado, antes de enviar ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Em seu discurso, Rodríguez confirmou que as eleições serão realizadas em 2024.

::O que está acontecendo na Venezuela?::

Em declaração depois do encontro, o chefe da delegação da Plataforma Unitária, Gerardo Blyde, disse que o governo precisa discutir com a “verdadeira oposição”, fazendo uma distinção entre seu grupo e o bloco de direita que ocupa assentos no Parlamento e se reúne na coalizão chamada Aliança Democrática.

Segundo ele, a reunião teve duas partes. Primeiro foi discutido o cumprimento do acordo de Barbados e em um segundo momento foi debatida a “escalada repressiva” no último mês. Ainda de acordo com Blyde, a Plataforma pediu que seja “respeitada a tradição democrática” e que o pleito seja realizado em dezembro para evitar que exista durante muitos meses os cargos de presidente constitucional e eleito. No entanto, o representante não quis revelar a data proposta pelo grupo.

A definição de um calendário eleitoral é uma das exigências do acordo firmado em Barbados entre o governo e a própria Plataforma Unitária. Segundo o documento, o pleito deve ser realizado no segundo semestre de 2024 e contará com missões de observação da União Europeia, do Centro Carter e da Organização das Nações Unidas (ONU).

Em resposta ao acordo, o governo dos Estados Unidos anunciou a retirada de uma série de sanções contra empresas venezuelanas dos setores de petróleo, gás e ouro. As medidas têm caráter temporário. A Casa Branca começou a negociar a retirada das sanções com Caracas depois de enfrentar problemas na demanda por combustíveis, mas exigiu um cronograma eleitoral para os alívios no bloqueio e ameaçou retomar sanções contra a indústria de petróleo e gás da Venezuela, caso eles não sejam cumpridos.

Edição: Lucas Estanislau