Assim como o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, também chegou esta semana em visita oficial ao Egito. A viagem de Erdogan faz parte de um esforço para ampliar as relações bilaterais entre os países, mas também para tratar da guerra promovida por Israel na Faixa de Gaza.
"Em nossas conversas com o presidente turco, reafirmamos a necessidade de um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza e a liberação da entrega de ajuda humanitária a seus residentes", afirmou o presidente egípcio, Abdel Fattah Al-Sisi em coletiva de imprensa conjunta com o colega turco realizada nesta quarta-feira (14). Erdogan, por sua vez, defendeu a possibilidade de que Turquia e Egito trabalhem em conjunto na reconstrução de Gaza, assim que termine o conflito na região.
"A situação de Gaza dominou nossas conversas. Damos prioridade a um cessar-fogo urgente e à entrega sem obstáculos de ajuda humanitária. Continuaremos cooperando com nossos irmãos egípcios para colocar fim ao derramamento de sangue. Junto ao Egito, estamos prontos a participar na reconstrução de Gaza", disse o mandatário turco.
Os apelos por um cessar-fogo foram reiterados por Lula em sua visita ao Egito nesta quinta-feira (15). "É urgente estabelecer um cessar-fogo definitivo que permita a prestação de ajuda humanitária sustentável e desimpedida, a imediata e incondicional liberação dos reféns", defendeu o presidente brasileiro.
Em sua reunião com Al-Sisi, Lula classificou como "inexplicável" a morte de crianças e mulheres por Israel. "O Brasil foi um país que condenou de forma veemente a posição do Hamas no ataque a Israel e ao sequestro de centenas de pessoas. E nós condemos e chamamos o ato de ato terrorista. Mas não tem nenhuma explicação o comportamento de Israel, a pretexto de derrotar o Hamas, estar matando mulheres e crianças, coisa jamais vista em qualquer guerra que eu tenha conhecimento", disse.
A fala do presidente brasileiro acontece no momento em que Israel promove ataques à cidade de Rafah, na fronteira com o Egito, onde estão abrigados 1,4 milhão de palestinos, muitos deles refugiados. Na terça-feira (13), o Brasil manifestou preocupação com a nova fase da operação militar concentrada em Rafah e alertou que a postura de Israel “terá como graves consequências, além de novas vítimas civis, um novo movimento de deslocamento forçado de centenas de milhares de palestinos”.
Lula agradece apoio na repatriação de brasileiros
Localizada na fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito, a passagem humanitária em Rafah é a única via para saída de palestinos e estrangeiros do território sob ataque de Israel, que cerca o restante dos acessos terrestres e marítimos da área onde centenas de milhares de civis palestinos estão cercados. Foi por essa fronteira, em diálogo com o Egito, que o Brasil montou a operação para resgatar os cidadãos brasileiros e palestinos que solicitaram refúgio ao Itamaraty.
Em sua fala à imprensa nesta quinta, Lula ressaltou a importância da atuação do Egito para o resgate dos brasileiros e expressou a gratidão do governo brasileiro ao presidente Al-Sisi "pelo seu engajamento pessoal na repatriação dos brasileiros".
"De qualquer ângulo que se olhe, a escala da violência cometida contra os 2 milhões de palestinos em Gaza não encontra justificativa. Sempre vimos o Egito como um ator essencial na busca de uma solução para o conflito entre Israel e Palestina", disse o presidente brasileiro que afirmou, ainda, ser "terminantemente contrário a tentativas de deslocamento forçado do povo palestino".
"Por esses motivos, entre outros, o Brasil se manifestou em apoio ao processo instaurado na Corte Internacional de Justiça pela África do Sul. Não haverá paz sem um Estado palestino, convivendo lado a lado com Israel, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas", ressaltou Lula.
Edição: Lucas Estanislau