festa em niterói

Viradouro leva o título do carnaval carioca com exaltação à força da mulher negra

Escola conquista o troféu pela terceira vez na história; Imperatriz fica com o vice-campeonato e Grande Rio é 3ª

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Enredo da Viradouro exaltou a força do exército de mulheres no reino de Daomé, atual Benin, na África - Dhavid Normando / Rio Carnaval

A maior festa desta quarta-feira de cinzas acontecerá em Niterói. Pela terceira vez na história, a Viradouro, escola que representa a cidade no carnaval do Rio de Janeiro, conquistou o título do Grupo Especial.

A Grande Rio dividiu a liderança da apuração até o sexto quesito, Enredo, quando perdeu três décimos, deixando a Viradouro como primeira colocada, com pontuação perfeita – situação que seguiu até o fim.

A Viradouro terminou a apuração com 270 pontos – o máximo possível. A vice-campeã foi a Imperatriz Leopoldinense, que somou 269,3. Na sequência vieram Grande Rio (269,2); Salgueiro (269); Portela (268,9) e Vila Isabel (268,8). Todas essas voltam à Sapucaí no sábado (17), no desfile das campeãs. A Porto da Pedra (264,9 pontos) ficou em último e foi rebaixada.

Sobrou na disputa

A vantagem da Viradouro foi tão grande que tirou até mesmo o risco de ter o título cassado devido a um possível descumprimento de regras. Isso porque, antes da apuração começar, foi anunciado que a escola poderia perder 0,5 ponto por ter excedido o número máximo de pessoas se apresentando ao mesmo tempo na comissão de frente. Como terminou a apuração com 0,7 ponto a mais que a segunda colocada, uma eventual punição não fará diferença na prática.

A Viradouro foi a última escola a passar pela Sapucaí, já com o dia amanhecendo na terça-feira de Carnaval, e impressionou a todos com um desfile tecnicamente impecável.

Logo após o encerramento do desfile, o jornalista Luiz Gustavo Thomaz, especialista em desfiles de carnaval, afirmou ao Brasil de Fato: "A Viradouro só não é campeã se acontecer uma surpresa. Imperatriz e Grande Rio sonham com o título, mas precisam sonhar muito, pois a Viradouro foi irrepreensível".

A escola levou à avenida o enredo "Arroboboi, Dangbé", que contou sobre o culto ao vodun serpente no reino de Daomé, na costa ocidental da África, região hoje conhecida como Benin. A escola apresentou um "exército" de mulheres, as guerreiras Mino, consagradas na fé e nas batalhas, protegidas pelo sobrenatural.

Com uma bateria que levantou o público e grande atuação do intérprete Wander Pires, o samba-enredo empolgou o público e garantiu que a Viradouro deixasse a pista confiante no título.

"Eis o poder que rasteja na Terra / Luz pra vencer essa guerra, a força do Vodun / Rastro que abençoa Agoyê / Reza pra renascer, toque de Adahum / Lealdade em brasa rubra, fogo em forma de mulher / Um levante à liberdade, divindade em Daomé", diz um trecho do samba.

A Viradouro tinha conquistado o título anteriormente em duas oportunidades: em 1997 e em 2020. No ano passado tinha ficado com o vice-campeonato, com apenas um décimo de diferença para a campeã, a Imperatriz.

Edição: Thalita Pires