Após dirigir duras críticas ao papa Francisco durante a campanha eleitoral do último ano, a quem chamou de “imbecil que defende a justiça social”, o presidente argentino Javier Milei mudou sua retórica e fez questão de encontrar o pontífice na segunda-feira (12), no último dia de sua agenda no exterior.
O presidente argentino retornou ao país nesta terça-feira (13), onde tem uma série de agendas com o ex-presidente Maurício Macri para aprofundar a relação entre seu partido A Liberdade Avança e o Partido Republicano de Macri, o que também aponta uma guinada em relação à radicalidade de seu discurso de campanha.
Em entrevista concedida à televisão italiana no domingo (11), após a cerimônia de canonização da santa argentina Mama Antula celebrada por Francisco no Vaticano, Milei admitiu que teve de "reconsiderar algumas posições" em relação ao papa, que ele classificou como "o argentino mais importante, o líder dos católicos no mundo".
"Representa uma instituição muito importante sobretudo em um país como a Argentina, que tem tantas raízes católicas. Por consequência, tive que reconsiderar algumas posturas e, a partir deste momento, começamos a construir um vínculo positivo", afirmou o mandatário argentino.
O encontro de Milei com Francisco aconteceu a portas fechadas na segunda-feira (12) e durou pouco mais de uma hora. De acordo com o jornal argentino Página 12, soube-se, extraoficialmente, que a conversa girou em torno da situação social da Argentina e que o presidente formalizou um convite para que o papa visite o país.
Durante a visita ao Vaticano, o governo argentino apresentou a documentação do novo embaixador na Santa Sé, que deve ser aceita pelo Vaticano. O nome escolhido é o do diplomata Pablo Beltramino, que foi subsecretário de Política Exterior durante o governo liberal de Maurício Macri e estava atualmente como embaixador no Vietnam. A embaixada argentina na Santa Sé estava vaga desde que Milei decidiu substituir a embaixadora María Fernanda Silva.
Milei também se encontrou com o presidente italiano, Sergio Matarrella, e com a primeira ministra Giorgia Meloni na segunda-feira (12). Em seu retorno à Argentina nesta terça-feira (13), o presidente voltou suas atenções para os problemas domésticos do país, como a importante derrota parlamentar de seu pacote ultraliberal conhecido por Lei Ônibus.
A indicação de um macrista para o posto no Vaticano dá o tom dos próximos passos de Milei, que deve aprofundar a presença do Partido Republicano (PRO), da direita liberal do ex-presidente Maurício Macri. A aliança, que começou a se costurar ainda durante a campanha e ajudou a eleger Milei, deve ser intensificada após a derrota no Congresso e os diversos protestos que seu governo enfrenta no país.
*Com página 12 e Clarín
Edição: Matheus Alves de Almeida