A apuração oficial dos resultados eleitorais em El Salvador não havia começado quando o atual presidente, Nayib Bukele, se proclamou vencedor do pleito presidencial realizado neste domingo (04), afirmando ter obtido mais de 85% dos votos.
Os resultados oficiais divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) salvadorenho superaram os 70% dos votos apurados por volta das 11h, horário de Brasília desta segunda-feira (05) e mostram o atual mandatário vencedor, com mais de 1,6 milhão de votos. No entanto, Bukele já havia celebrado sua vitória na noite anterior, após um processo eleitoral caracterizado pela baixa participação, denúncias de irregularidades e abuso de poder por parte do partido governista.
Segundo os resultados do TSE, o candidato de esquerda da Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN), Manuel "Chino" Flores, e da Aliança Republicana Nacionalista (Arena), Joel Sánchez, alcançaram 139 mil e 122 mil votos, respectivamente.
Ao longo do dia das eleições, os partidos da oposição em El Salvador denunciaram uma série de irregularidades cometidas pelo partido do presidente, o Nuevas Ideas. Antes do início do processo eleitoral, o candidato da FMLN disse que Bukele cometia "abuso de poder" e que se utilizou das instituições para levar vantagem na eleição.
"Disputamos uma eleição na qual um Estado estava a favor de um partido, suas instituições estavam trabalhando a favor de um partido", disse Flores. O líder da oposição salvadorenha ainda alegou que foram praticados atos de coerção e ameaças de demissão contra funcionários públicos que não votaram no presidente.
Nesta segunda-feira, a organização de pesquisa e defesa dos direitos humanos com sede em Washington para Assuntos Latino-americanos (WOLA), disse estar "preocupada" pela situação da apuração eleitoral em El Savador e pediu transparência ao TSE.
O partido opositor de direita Arena também alegou irregularidades na votação, afirmando que o candidato à reeleição presidencial violou repetidas vezes o silêncio eleitoral em um "sistema que o favorece e protege". A legenda acusou o TSE de "cumplicidade" e disse que funcionários devidamente treinados foram substituídos por outros que não possuam a devida formação e credenciais exigidas.
Um outro incidente foi apontado pela oposição: o escritor salvadorenho-canadense Carlos Bucio Borja foi detido por agentes policiais quando lia em voz alta os artigos da Constituição da República que proíbem a reeleição presidencial. Ele foi preso no centro de votação Concha Viuda de Escalón, no bairro de mesmo nome.
O escritor e poeta foi rodeado por agentes da polícia que exigiram a sua saída do centro eleitoral. “Estão violando o artigo 6º [da Constituição]!”, gritou o cidadão, enquanto estava sendo detido.
*Com Telesur
Edição: Rodrigo Durão Coelho