O Partido Democrático Trabalhista (PDT) confirmou a candidatura presidencial de Ciro Gomes na tarde desta quarta-feira (20). A convenção nacional do partido aconteceu em Brasília e contou com a presença de lideranças e pré-candidatos da sigla em todo o país.
Em sua fala, Ciro criticou fortemente a reunião com os embaixadores promovida pelo presidente na segunda-feira para repetir mentiras sobre o sistema eleitoral. Segundo ele, Bolsonaro chamou os "embaixadores das potências e de nações estrangeiras para esculhambar nosso país" e suas instituições.
Para ele, Bolsonaro manipula o país usando, por um lado, "a mão pesada da repressão e da ameaça" e, de outro, "a mão ágil do estelionato eleitoral", em referência à PEC dos Auxílios, que ele chamou de "kamikaze" e considerou "o maior estelionato eleitoral de nossa história", e ao orçamento secreto, com o qual ele prometeu acabar.
Ciro reafirmou seu discurso contra a "polarização odienta" que, segundo ele, é promovida por Lula e Bolsonaro ao estimularem "duas versões maniqueístas e doentias, do bem absoluto e do mal absoluto". "É por isso que estão matando pessoas inocentes pelo Brasil a fora", afirmou o candidato, em referência aos ataques cometidos contra petistas, em especial o assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda pelo bolsonarista Jorge Guaranho.
"Estamos vivendo uma versão repetida, piorada das eleições de 2018. Será que o Brasil não percebe isso?", disse o candidato. "Não podemos cair de novo nesse erro dramático, tentando corrigi-lo com o sinal invertido."
Segundo Ciro, só é possível unir um país em torno de "um novo e generoso projeto". "Quero unir o país em torno de um novo projeto, e não em torno de minha personalidade", afirmou, comemorando a venda de 200 mil exemplares do livro "Projeto Nacional: o dever da esperança", de sua autoria. "Isso é um legado que já me basta e me dá muito orgulho, ajudar a construir uma corrente de pessoas lúcidas que não sejam zumbis, vítimas de manipulações carismáticas", disse.
Ciro destacou alguns pontos de seu plano, em especial o investimento em ciência e educação e o desenvolvimento industrial com respeito ao meio ambiente. Nesse tema, falou em transformar a Petrobras na maior empresa nacional de energia limpa, revertendo privatizações e acabando com a política de paridade internacional do preço de petróleo. Ciro também afirmou que vai revogar o teto de gastos, que chamou de "uma das medidas mais arbitrárias e elitistas já adotadas".
O candidato também se comprometeu a acabar com possibilidade de reeleição presidencial.
Fazer o C
Antes de Ciro, lideranças e pré-candidatos do PDT aos governos estaduais discursaram. Muitos seguiram a linha de Ciro de igualar a violência promovida por Bolsonaro com os discursos de Lula.
"Estamos vivendo um cenário em que o grande sistema do poderoso mercado financeiro, da grande e poderosa mídia, tenta nos colocar num canto de carroceria, como se o povo brasileiro estivesse condenado a optar entre um presente de trevas e um passado de muito e graves erros políticos", disse Roberto Cláudio, pré-candidato do partido ao governo do Ceará.
Leila Barros, pré-candidata ao governo do Distrito Federal, foi na mesma linha. "Quem anda nas ruas, com nós aqui, a grande maioria da população brasileira tem o olhar da desesperança, o olhar da polarização, do ódio", afirmou.
Os discursos exaltaram a mobilização do partido, mas também incluíram cobranças pela unidade no apoio à candidatura de Ciro.
"Eu fico indignada quando vejo um companheiro nosso fazer o L, pq não fazem o C, de Ciro Gomes?", perguntou Miguelina Vecchio, presidente nacional da Ação da Mulher Trabalhista e vice-presidente nacional da legenda. "Quem não gosta do C, a porta da rua é serventia da casa", finalizou.
Pré-candidatos do PDT a governos em alguns estados tentam associar seus nomes a Lula, como o senador Weverton Rocha (MA) e o ex-prefeito de Niterói (RJ) Rodrigo Neves, e o ex-prefeito de Natal (RN) Carlos Eduardo, pré-candidato ao Senado.
Edição: Rodrigo Durão Coelho