O percentual de trabalhadores brasileiros desempregados encerrou o ano de 2023 em 7,4%. Com isso, a taxa média de desocupação no país durante o primeiro ano do novo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ficou em 7,8%, 1,8 ponto percentual a menos do que os 9,6% registrados em 2022. O desemprego médio em 2023 foi o menor já registrado desde o ano de 2014.
Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Fazem parte da última edição da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).
Segundo o IBGE, os dados de 2023 confirmam a tendência de recuperação do mercado de trabalho após o impacto da pandemia do novo coronavírus.
"A queda da taxa de desocupação ocorreu fundamentalmente por uma expansão significativa da população ocupada, ou seja, do número de pessoas trabalhando, chegando ao recorde da série, iniciada em 2012", explicou a coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios do IBGE, Adriana Beringuy.
De 2022 para 2023, 8,5 milhões de desempregados conseguiram um trabalho no país, o que representa uma redução de 17,6% do número total de desocupados. Já a população ocupada bateu recorde no ano passado e chegou a média de 100,7 milhões. Isso representa um crescimento de 3,8% sobre a média de 2022.
O nível médio da ocupação (percentual ocupados em idade de trabalhar) cresceu e chegou a 57,6% em 2023, contra os 56% em 2022.
O número de trabalhadores com carteira de trabalho assinada cresceu 5,8% no ano e chegou a 37,7 milhões de pessoas, o mais alto da série. Também cresceu 5,9% o contingente anual de empregados sem carteira assinada. A estimativa anual é que sejam 13,4 milhões de pessoas, o pico da série.
Informalidade em queda
Apesar do crescimento do número de pessoas trabalhando sem carteira assinada ter crescido, a taxa anual de informalidade caiu de 39,4% para 39,2% de 2022 para 2023.
Já a população desalentada (aquele que desistiu de procurar emprego) diminuiu 12,4%, para 3,7 milhões de pessoas.
O valor anual do rendimento real habitual foi estimado em R$ 2.979, um aumento de R$ 199 ou 7,2% na comparação com 2022. Apesar do crescimento no ano, esse rendimento ainda está abaixo dos R$ 2.989 registrados em 2014. Ou seja, hoje um trabalhador brasileiro recebe, em média, menos do que recebia há nove anos.
1,5 milhão de empregos
A economia brasileira ainda gerou 1,483 milhão de vagas de trabalho com carteira assinada em 2023. O saldo foi divulgado nesta terça-feira (30) pelo Ministério do Trabalho, o qual gere o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
De acordo com o Caged, foram 23,2 milhões de admissões e 21,7 milhões de desligamentos ao longo do ano passado. O setor de serviços foi o que mais gerou trabalho, criando 886 mil novos postos. O salário médio de admissão foi de R$ 2.021,73.
O governo federal estimava gerar em 2023 cerca de 2 milhões de empregos formais. O resultado não foi alcançado, em parte, porque, em dezembro, houve 430 mil mais demissões do que admissões — o movimento é explicado por desligamentos sazonais.
Dezembro, aliás, foi o único mês de 2023 com saldo negativo na geração de empregos. Em dezembro de 2022, o saldo negativo havia sido maior: 455 mil vagas cortadas.
Já considerando o resultado de dezembro, 2023 foi o pior ano para geração de emprego formal no país desde 2020 — ano em que emergiu a pandemia do novo coronavírus. Em 2022, foram gerados 2 milhões de vagas; em 2021, 2,78 milhões.
Edição: Matheus Alves de Almeida