Um levantamento de pesquisadores britânicos e estadunidenses aponta que as emissões de gases causadas pelos bombardeios israelenses em Gaza têm grande efeito no agravamento da crise climática internacional. Os primeiros dois meses do conflito lançaram mais gases na atmosfera do que toda a soma de todas as emissões dos 20 países mais vulneráveis às mudanças climáticas em um ano.
A pesquisa, publicada originalmente no site Social Science Research Network, foi divulgada com exclusividade pelo jornal britânico The Guardian nesta terça-feira (9). A publicação destaca que o massacre israelense em Gaza já causou cerca de 23 mil mortes, e reforça que, além disso, "os custos climáticos da guerra não podem ser ignorados".
Segundo a pesquisa, o conflito em andamento já causou a emissão de 281 mil toneladas de dióxido de carbono. Desse total, 99% são atribuídos às ações israelenses, o que inclui as emissões causadas por voos militares (entre eles os de apoio enviados pelos Estados Unidos), ataques de artilharia, bombas e tanques e outros veículos terrestres.
Já os foguetes atirados pelo Hamas teriam causado a emissão de 713 toneladas de CO2, o que revela a "assimetria" do conflito, como relatou o jornal.
Os pesquisadores afirmam que o levantamento leva em conta apenas algumas das atividades que mais causam emissão de carbono, e que por isso os dados podem estar subestimados. A pesquisa ainda não passou por revisão por outros cientistas, o que é praxe no mundo acadêmico para validação definitiva de estudos.
Situação pode se agravar
Os pesquisadores apontam ainda que o volume de emissões direta ou indiretamente ligadas ao massacre israelense será ainda maior. A reconstrução de Gaza vai gerar emissões que ficarão acima do total anual acumulado de mais de 130 países do planeta.
O jornal britânico destacou que não há pesquisas amplas sobre a pegada ambiental dos conflitos armados, especialmente por pressão das autoridades dos Estados Unidos. Ainda assim, alguns levantamentos estimam que, globalmente, as forças armadas são responsáveis por quase 5,5% da emissão de gases poluentes, o que supera as indústrias da aviação e do transporte marítimo juntas.
Edição: Thalita Pires