A rede de televisão Al Jazeera vai encaminhar uma denúncia contra Israel ao Tribunal Penal Internacional (TPI) pelo assassinato do cinegrafista, Samer Abu Daqqa, morto por um ataque de drone na sexta-feira (15), enquanto fazia uma reportagem sobre o atentado anterior contra uma escola, usada como abrigo para pessoas deslocadas no sul da Faixa de Gaza.
A Al Jazeera, que tem sede no Catar, informou que drones israelenses dispararam mísseis contra a escola e atingiram fatalmente Abu Daqqa. Ele deixa uma filha e três filhos. O correspondente da emissora Wael Dahdouh - que perdeu a esposa, um filho, uma filha e um neto, mortos em um ataque aéreo israelense em outubro - também foi ferido no ataque.
“A rede estabeleceu um grupo de trabalho conjunto, composto por sua equipe jurídica internacional e especialistas jurídicos internacionais que iniciarão de forma colaborativa o processo de compilação de um arquivo abrangente para apresentação ao promotor do tribunal. O processo legal também abrangerá ataques recorrentes às equipes da rede que trabalham e operam nos territórios palestinos ocupados e casos de incitamento contra eles”, informou a Al Jazeera em comunicado ontem (16).
“De acordo com o artigo 8º da Carta do Tribunal Penal Internacional, o ataque deliberado a correspondentes de guerra ou jornalistas que trabalham em zonas de guerra ou territórios ocupados através de assassinato ou agressão física intencional constitui um crime de guerra”, prossegue o comunicado da emissora.
O exército de Israel emitiu nota alegando que nuca visou jornalistas deliberadamente em ataques. E culpou os profissionais de imprensa por estarem em uma “zona de combate ativa durante trocas de tiros”, o que apresenta “riscos inerentes”.
Abu Daqqa e Wael al-Dahdouh foram à escola Farhana, na cidade de Khan Younis, no sul da faixa de Gaza, após o local ter sido alvo de um ataque no início do dia. No momento da cobertura, um drone israelense disparou contra a escola novamente, atingindo os dois. O correspodente foi atingido por estilhaços no braço e conseguiu chegar ao hospital Nasser para ser socorrido. Wael al-Dahdouh disse que eles estavam acompanhando equipes de resgate da defesa civil.
Desde o início dos ataques de Israel contra os palestinos na Faixa de Gaza, ao menos 64 profissionais de imprensa foram mortos.
Edição: Rodrigo Gomes