A 28ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP28, terminou nesta quarta-feira (13) mencionando em seu documento final a necessidade de uma transição para o fim do uso de combustíveis fósseis até 2050. A citação foi comemorada por especialistas já que trata diretamente de uma das principais causas do aquecimento global. Eles, contudo, reclamaram que o documento da COP28 não fala de compromissos específicos de cada país, tratando a meta de forma vaga.
De acordo com brasileiros que estiveram na conferência, aliás, caberá ao Brasil avançar na discussão desses compromissos. Em 2025, o país será sede da COP30, que acontecerá em Belém, capital do Pará, estado que compõe a Amazônia.
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“O resultado da COP28, forte nos sinais, mas fraco na substância, significa que o governo brasileiro precisa assumir a liderança até 2024 e lançar as bases para um acordo da COP30 em Belém que atenda às comunidades mais pobres e vulneráveis do mundo e à natureza”, afirmou Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima.
Segundo Astrini, para liderar a discussão do fim do uso dos combustíveis fósseis, o Brasil poderia, inclusive, cancelar conversas para sua eventual adesão à Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (Opep+). O governo brasileiro tem um convite para aderir ao grupo a partir de janeiro de 2024.
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Maurício Voivodic, diretor executivo do WWF-Brasil, afirmou que o Brasil também deveria cancelar o leilão de postos de petróleo programado para esta quarta e promovido pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).
“É preciso liderar pelo exemplo, o que significa que temos um grande desafio interno, já que parte do governo ignora a crise climática e trabalha para alinhar o Brasil ao grupo das nações responsáveis pelo quase fracasso da COP28. Prova disso é o leilão da ANP, que numa perversa coincidência acontece no mesmo dia em que a conferência se encerra”, disse ele.
Avanços
A especialista em Política Internacional do Greenpeace Brasil, Camila Jardim, disse que a COP28 obteve avanços e que o texto final da conferência é melhor do que versões preliminares discutidas pelos participantes. Faltam nele, porém, metas mais robustas e mensuráveis.
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“Precisaremos de um compromisso mais forte no apoio financeiro aos países em desenvolvimento, que necessitam fazer a transição dos seus sistemas energéticos", acrescentou a chefe da delegação do Greenpeace Internacional, Kaisa Kosonen.
Texto final
A COP28 foi realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Seu texto final cita expressamente “petróleo, gás e carvão” quando trata do fim dos combustíveis fósseis.
O texto, contudo, evitou a utilização da palavra “eliminação”, que foi substituída pelo termo "transição". A palavra eliminar era contestada pelos países que compõem a Opep e pela Arábia Saudita.
O presidente da COP28, Sultan Al Jaber, chamou o acordo de "histórico", mas acrescentou que o seu verdadeiro sucesso estaria na sua implementação. “Somos o que fazemos, não o que dizemos”, disse. “Devemos tomar as medidas necessárias para transformar este acordo em ações tangíveis”.
Edição: Vivian Virissimo