16 mil assassinados

Palestinos no sul de Gaza sofrem com segunda fase de massacre israelense; Brasil quer resgatar mais 102 pessoas

Netanyahu indica que Israel não deve sair de território palestino após campanha militar

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Pai carrega o corpo de seu filho; mais de 7 mil menores de idade foram assassinados por Israel - m.z.gaza

Forças militares israelenses avançam nesta terça-feira (5) sobre a cidade de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, na segunda fase da operação terrestre de Israel no território palestino. Na primeira fase, concentrada no norte do território, foram mortos mais de 10 mil palestinos, em maioria mulheres, crianças e adolescentes.

Pouco antes de bombardear a parte norte do território, militares israelenses ordenaram aos moradores palestinos que saíssem de suas casas e buscassem refúgio na parte sul. Agora, essa área também está sendo atacada.

"Este foi o dia mais intenso de combates desde o início das operações terrestres", disse o general Yaron Finkelman a agências internacionais. Os israelenses também seguem atacando alvos no norte da Faixa de Gaza. 

Desde o final da trégua para a entrada de ajuda humanitária e troca de reféns, no sábado (2), foram retomados os intensos bombardeios e operações militares por terra em todo o território de 365 km², que é menor que a zona leste de SP. Lá vivem mais de 2 milhões de pessoas, em uma das áreas mais densamente povoadas do planeta.


Bombardeio israelense em Khan Yunis: "Dia mais violento" do massacre / MAHMUD HAMS / AFP

Nesta terça-feira, fontes oficiais palestinas elevaram o número total de palestinos mortos por Israel desde 7 de outubro para 16.248 – mais de 7 mil crianças e adolescentes e quase 5 mil mulheres. Mas o número oficial de vítimas fatais ainda deve aumentar, pois a cifra atual não inclui cerca de 7,6 mil pessoas soterradas sob os escombros causados por bombardeios. 

Pelo menos 1,5 milhão de pessoas foram obrigadas a deixarem suas casas. As operações militares israelenses mataram ainda cerca de 300 profissionais da saúde e 81 jornalistas. Ainda nesta terça-feira, houve relatos de que as comunicações dentro do território foram novamente cortadas. 

Limpeza étnica

"Os ataques israelenses estão mais violentos do que antes da pausa, mais de 700 pessoas foram mortas em um único dia, o que nos faz imaginar qual a lógica por trás dessa operação militar", disse ao Brasil de Fato Arturo Hartmann, analista internacional. 

"Eles dizem querer acabar com o Hamas, deveriam proteger civis, mas estão fazendo o oposto disso. [O premiê israelense Benjamin] Netanyahu já disse que esta seria como uma 'segunda guerra de independência', uma oportunidade de mudar demografia", afirmou. 

De fato, Netanyahu repetiu que Israel deve ocupar Gaza em termos permanentes, rejeitando sugestões de uma força militar internacional. O premiê, que voltou a ser investigado pela Justiça israelense por corrupção, disse que não poderia confiar a "segurança de Israel " a ninguém.

"Eles já deslocaram pessoas do norte para o sul, que está sendo atacado. Essas pessoas não têm para onde ir. Se enquadra no que muitos chamam de limpeza étnica, a expulsão de pessoas de um território para onde elas não vão poder voltar. Gaza se tornou um local inviável para se morar", conclui Hartmann.


Palestinos saem de Gaza nesta terça-feira: "Expulsão de pessoas de um território para onde elas não vão poder voltar" / AFP

Brasil

O Brasil ainda pretende repatriar cerca de 102 pessoas na Faixa de Gaza, sendo 41 cidadãos brasileiros e 61 parentes palestinos. A expectativa é que essas pessoas consigam permissão para entrar no Egito pela passagem de Rafah, posto controlado por Israel e o governo egípcio. 

Até agora, 32 brasileiros estão entre as cerca de 10 mil pessoas que já conseguiram sair de Gaza por Rafah. 

Edição: Rodrigo Durão Coelho