O Itamaraty confirmou nesta terça-feira (21), que apresentou uma segunda lista, com 86 nomes de brasileiros e familiares palestinos interessados na repatriação da Faixa de Gaza. A lista foi apresentada a autoridades israelenses e egípcias e aguarda aprovação.
O Ministério das Relações Exteriores informa que é uma lista inicial e a quantidade de nomes pode mudar durante o processo. Isso porque, apesar de terem manifestado ao governo brasileiro a intenção de deixar a região do conflito, o perfil das pessoas nesta segunda lista é de residentes em Gaza, pessoas estabelecidas e com rede de apoio na região, o que pode causar desistências ao longo do processo de repatriação.
Os nomes apresentados na lista brasileira, caso autorizados pelas autoridades, precisam ser incluídos na relação de estrangeiros autorizados a deixarem Gaza pela passagem de Rafah, localizada na fronteira com o Egito, depois das pessoas já autorizadas, deixarem a região.
A primeira lista apresentada pelo Brasil tinha 32 nomes, 22 brasileiros e dez palestinos familiares. Após um esforço diplomático que durou cinco semanas, as pessoas dessa primeira lista regressaram ao país em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) e foram recebidas por Lula no desembarque em Brasília.
Criação de Estado palestino
Nesta terça-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a criação do Estado palestino é a "única solução possível", para a guerra em Gaza.
"O reconhecimento de um Estado palestino viável, vivendo lado a lado com Israel, com fronteiras seguras e mutuamente reconhecidas, é a única solução possível. Precisamos retomar com a maior brevidade possível o processo de paz entre Israel e Palestina", afirmou o presidente brasileiro durante cúpula extraordinária para tratar da situação na Faixa de Gaza dos Brics, bloco que reúne Brasil, Rússia, China Índia e África do Sul.
Em mais um pronunciamento oficial sobre a situação na Palestina sob ataque de Israel, o presidente Lula (PT) enfatizou novamente que a "única solução possível" é o reconhecimento dos 2 Estados por meio da retomada do processo de paz no conflito colonial.#BrasildeFato pic.twitter.com/phuAL0pSMn
— Brasil de Fato (@brasildefato) November 21, 2023
Contexto
O cerne da questão árabe-israelense é a forma como o Estado de Israel foi criado, em 1948, com inúmeros pontos não resolvidos, como a esperada criação de um Estado árabe na região da Palestina, o confisco de terras e a expulsão de palestinos que se tornaram refugiados nos países vizinhos.
A decisão pela criação dos dois estados foi tomada no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU) e aconteceu sem a concordância de diversos países árabes, gerando ainda mais conflitos na região.
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Ao longo das décadas seguintes, a ocupação israelense nos territórios palestinos – apoiada pelos EUA – foi se tornando mais dura, o que estimulou a criação de movimentos de resistência. Foram inúmeras tentativas frustradas de acordos de paz e, na década de 1990, se chegou ao Tratado de Oslo, no qual Israel e a Organização para Libertação da Palestina se reconheciam e previam o fim da ocupação militar israelense.
O acordo encontrou oposição de setores em Israel – que chegaram a matar o então premiê do país – e de grupos palestinos, como o Hamas, que iniciou sua campanha com homens-bomba. Após a saída militar israelense das terras ocupadas em Gaza, ocorreu a primeira eleição palestina, vencida pelo Hamas (2006), mas não reconhecida internacionalmente. No ano seguinte, o Hamas expulsou os moderados do grupo Fatah de Gaza e dominou a região.
Em 7 de outubro de 2023, o Hamas lançou sua maior operação até então, invadindo o território israelense e causando o maior número de mortes da história do país, 1,4 mil, além de fazer cerca de 200 reféns. A resposta israelense vem sendo brutal, com bombardeios constantes que já causaram a morte de milhares de palestinos, além de cortar o fornecimento de água e luz, medidas consideradas desproporcionais, criticadas e rotuladas de "massacre" e "genocídio" por vários organismos internacionais.
Edição: Leandro Melito