O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que é inadmissível que o mundo não consiga encontrar uma solução humanitária para a violência da guerra declarada por Israel no Oriente Médio. Em transmissão ao vivo pela internet, Lula ressaltou que é preciso mudar a atuação da Organização das Nações Unidas (ONU).
Ele lembrou da proposta brasileira, apresentada no Conselho de Segurança da ONU no mês passado, que pedia pausas humanitárias nos ataques ao território palestino para permitir a entrada de ajuda na região. O texto foi endossado por 12 países, mas os Estados Unidos, que têm poder de veto no órgão, derrotaram o documento com apenas um voto.
“Apenas um país teve o direito de vetar e vetou. Isso é incompreensível, não é admissível. Por isso que nós lutamos para mudar a ONU. A ONU de 1945 não vale mais nada em 2023. É por isso que queremos mudar a quantidade de pessoas, o funcionamento e acabar com o direito de veto.”
As afirmações foram feitas no dia seguinte à recepção das famílias brasileiras que estavam presas na Faixa de Gaza há um mês, aguardando repatriação. Depois de muitas idas e vindas, o grupo chegou ao Brasil nesta segunda-feira (13) e foi recepcionado pelo próprio presidente Lula.
“Ontem foi uma noite feliz. Eu estou muito feliz. Espero que tenhamos a competência de cuidar dessas pessoas. Tem jovens que estão estudando, meninas e meninos que vão estudar, crianças que vão ter que entrar na escola. Temos que ajudar, nós, os governos estaduais e os governos municipais. Foi uma dádiva de Deus o que aconteceu ontem.”
Na mesma fala, Lula criticou a violência do confronto e voltou a repetir que ações de Israel contra crianças, mulheres, hospitais e escolas também se assemelham a atos terroristas. O presidente classificou a guerra de insanidade.
“Finalmente nós conseguimos receber os filhos do Brasil, que estavam fora do Brasil e que foram vítimas de uma guerra insana. Vou repetir, uma guerra insana". Ainda segundo Lula, no momento em que o mundo precisa pensar em reverter a crise climática, a destruição ambiental e a desigualdade, um conflito desse porte impossibilita o avanço.
“Em pleno século 21, quando precisamos de paz para o crescimento econômico, para acabar com a desigualdade, para que possamos cuidar da questão do clima. Estamos aqui, brigando, para evitar o desmatamento, as queimadas, para diminuir os gases de efeito estufa e os caras ficam jogando bomba toda hora. Quanto gás de efeito estufa tem naquelas bombas? Quanto dinheiro gasto em uma guerra, quando temos 735 milhões de crianças passando fome no mundo.”
Lula defendeu que a ONU convoque algum mecanismo especial para finalizar a guerra e ressaltou os sinais que Israel vem dando de que pretende ocupar a Faixa de Gaza após os ataques. “Isso não é correto, não é justo. Nós temos que garantir a criação de um estado palestino, para que eles possam viver em paz com o povo judeu. Que sejam bons vizinhos e isso, somente a paz pode garantir.”
O presidente disse ainda que o governo vai continuar buscando por brasileiros e brasileiras que, eventualmente, ainda estejam nos territórios atacados e pretende ajudar também parentes dos cidadãos e cidadãs do Brasil que queiram vir para o país.
“Nós temos a responsabilidade de procurar por mais brasileiros que estão lá ou tentar ver se conseguimos liberar parentes de brasileiros que estão lá e que querem sair. É o mínimo que podemos fazer. É ser humano, em um momento em que os humanos precisam de humanismo. É isso que o Brasil tem que fazer. O Brasil vai continuar lutando pela paz, é inadmissível que não tenhamos encontrado uma solução para isso.”
:: Lula recebe brasileiros que viveram o massacre de Israel em Gaza ::
Edição: Vivian Virissimo