Aconteceu no último sábado a maior manifestação pró-palestina da história dos Estados Unidos. De acordo com a organização, com cartazes e bandeiras, mais de 300 mil cidadãos foram até a porta da Casa Branca exigir uma mudança de postura do governo Joe Biden.
Já nas primeiras horas da manhã, manifestantes que chegavam de ônibus dos mais diversos cantos do país, tremulavam bandeiras em pontos turísticos antes da Marcha Nacional por Palestina Livre.
Zain, que percorreu 7 horas do Tennessee até a capital estadunidense, conversou com o Brasil de Fato no George Washington Monument. Ele explicou porque fez a viagem.
“Para apoiar uma causa”, disse Zain, “o que está acontecendo lá é terrível. Crianças estão morrendo e os Estados Unidos estão financiando um genocídio. Nós só queremos protestar, dar voz às pessoas”.
À uma da tarde, horário marcado da concentração, a Freedom Plaza, que fica a poucos metros da casa branca, já estava lotada. Em um palco central discursaram líderes de organizações políticas, sindicatos e da comunidade muçulmana nos Estados Unidos.
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Mulheres, homens, crianças e idosos carregavam bandeiras e cartazes, alguns com críticas duras ao governo Biden. Em um, com a foto do presidente, se lia: "criminoso de guerra e terrorista". Outro afirmava: "Biden mata bebês".
No meio da multidão, alguns brasileiros. Natália de campos percorreu 375 km de Nova York até Washington só para participar da marcha. Com ela estavam membros dos coletivos Defend Democracy in Brazil e do Comitê de Luta de Nova York, Nova Jersey e Pensilvânia.
Perguntada sobre o motivo de estar ali, a brasileira afirmou: “para trazer a voz de que os brasileiros, assim como o presidente Lula se expressou, como nós nos expressamos em favor da Palestina, de dois Estados, do cessar-fogo já”.
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Natália, que vive nos Estados Unidos há mais de duas décadas, trazia consigo uma bandeira do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST. Ela contou ao Brasil de Fato o motivo.
“A gente tá trazendo essa mensagem do MST aqui, que doou toneladas de comida, de alimentos e mantimentos para a Palestina nesta semana, e vai doar toneladas mais nas próximas semanas. Para conscientizar desta importância do internacionalismo, da solidariedade internacional”, disse Natália.
Às 16h25, no horário local, os milhares de manifestantes que se reuniram na Freedom Plaza começaram a marchar rumo à Casa Branca, entoando em coro: "liberdade para a Palestina e para a Faixa de Gaza".
Na frente do ato, uma faixa preta dizia: "mais de 10 mil massacrados por Israel". Na parte de baixo, o nome de cada um dos palestinos assassinados.
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Os manifestantes, então, percorreram ruas do centro da capital. Em algumas esquinas, a polícia metropolitana de Washington proibia a passagem. A quantidade de pessoas impressionava, e quando os primeiros já chegavam à Casa Branca, depois de uma caminhada de mais dois quilômetros, os últimos ainda saíam da praça onde aconteceu a concentração.
Já em frente à sede do executivo estadunidense, um homem desafiava o presidente: “Joe Biden criminoso de guerra! Apareça! Fale com a gente! Pare com o genocídio!”, gritava o homem.
Ele não era o único a fazer críticas à posição do governo. Contra o envio de dinheiro a Israel, os manifestantes afirmavam se recusar a financiar o genocídio. Um cartaz avisava: quando a eleição chegar, nos lembraremos.
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Nos portões da Casa Branca, porém, o que mais se ouvia era uma grito de desespero. “Cessar-fogo já!”, gritava uma mãe.
Perguntada sobre o que diria ao presidente, ela respondeu: “nós não vamos votar em você de novo. Nunca mais! Assassino! Nunca mais! Nunca mais! Ele apoiou Israel. Ele apoiou o assassinato das nossas crianças em Gaza. Eu não vou mais votar em você! Não! Esqueça do meu voto, o voto dos meus filhos, o voto dos meus vizinhos e dos meus amigos. Não mais! Não mais!”.
Joe Biden não estava na Casa Branca, mas a mensagem certamente chegou até ele.
Edição: Leandro Melito