Diplomacia

Aliado-chave de Israel, Jordânia convoca embaixador devido a ataques assim como Chile e Colômbia; Bolívia rompe relações

Países sul-americanos sobem o tom para condenar ataques israelenses à Faixa de Gaza que já mataram mais de 8 mil pessoas

São Paulo (SP) |
Presidente colombiano Gustavo Petro já havia cogitado romper relações com Israel - Daniel Munoz/AFP

Maior aliado israelense no Oriente Médio, o governo da Jordânia anunciou nesta quarta-feira (1) a retirada do embaixador de Israel em protesto pelos ataques contra Gaza, que vitimaram mais de 8 mil pessoas, entre elas 3 mil crianças.

O Ministro das Relações Exteriores da Jordânia, Arman Safadi, notificou o Ministério das Relações Exteriores de Israel que não deve enviar de volta o embaixador israelense para Amã, que saiu devido a precauções de segurança no início da guerra. Safadi diz que isso deve permanecer em vigor até o fim da guerra e da crise humanitária em Gaza.

No meio diplomático, convocar um embaixador para consulta não significa um rompimento de relações, mas é um gesto grave que é frequentemente utilizado para manifestar incômodo ou descontentamento com algum país estrangeiro.

A Bolívia foi o primeiro país a convocar o embaixador israelense na tarde desta terça-feira (31). Ainda na noite de terça Chile e da Colômbia anunciaram que estavam convocando para consultas seus respectivos embaixadores em Israel. 

As decisões foram comunicadas pelos presidentes colombiano, Gustavo Petro, e chileno, Gabriel Boric, horas após o governo da Bolívia anunciar o rompimento total de relações diplomáticas com o Estado israelense.

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"Decidi convocar para consultas nossa embaixadora em Israel. Se Israel não interrompe o massacre do povo palestino, não podemos estar lá", escreveu Petro em suas redes sociais.

Essa foi a medida de maior amplitude tomada pelo presidente colombiano desde que ameaçou romper relações com Israel no dia 15 de outubro, após o governo israelense convocar a embaixadora colombiana em desagravo a declarações de Petro em apoio à Palestina.

Na ocasião, o mandatário colombiano havia afirmado que seu governo não apoiaria "o genocídio cometido por Israel" na Faixa de Gaza e disse: "se tivermos que suspender relações exteriores com Israel, suspenderemos".

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Já o presidente chileno afirmou nesta terça-feira que as ações militares israelenses em Gaza são "inaceitáveis violações do Direito Internacional Humanitário" e apelou ao "término imediato das hostilidades".

"O Chile condena energicamente e observa com grande preocupação em tais operações militares - que a esta altura são um castigo coletivo para a população civil palestina em Gaza - não respeitam normas fundamentais do Direito Internacional, como demonstram as mais de 8 mil vítimas civis, em sua maioria mulheres e crianças", disse Boric.

Bolívia, Colômbia e Chile se tornam os países sul-americanos que mais escalaram o tom diplomático em rechaço às últimas ações militares de Israel contra Gaza, que começaram no dia 7 de outubro.

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Também no continente, a Venezuela vem condenando duramente os ataques israelenses, classificando as ações como "um genocídio" e organizando marchas em apoio à causa Palestina. Caracas rompeu relações com Israel em 2009, durante o governo do ex-presidente Hugo Chávez.

Na última semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aumentou o tom em relação ao conflito ao classificar a guerra como "genocídio". “É muito grave o que está acontecendo neste momento no Oriente Médio. Não se trata de ficar discutindo quem está certo ou errado, quem deu o primeiro tiro, ou o segundo. O problema é o seguinte: não é uma guerra, é um genocídio que já matou quase 2 mil crianças, que não tem nada a ver com essa guerra, que são vítimas dessa guerra”, disse Lula na terça-feira (25).

Pelas redes sociais, o presidente Lula tem se manifestado contra os constantes bombardeios à Gaza que já deixaram mais de 3 mil crianças mortas.

"Estamos vendo, pela primeira vez, uma guerra em que a maioria dos mortos são crianças. Ninguém assume a responsabilidade e nem conseguimos fazer uma carta da ONU convencendo o cessar-fogo. Parem! Pelo amor de Deus, parem!", escreveu o presidente nesta terça-feira (1).

Em sua presidência temporária no Conselho de Segurança da ONU, o Brasil fez esforços para mediar um "cessar-fogo" para garantir ajuda humanitária à população em Gaza. A proposta de resolução brasileira receceu 12 votos, dos 15 países membros do conselho, mas terminou vetada pelos Estados Unidos. 

Ao deixar a presidência do conselho nesta terça-feira, o chanceler brasileiro Mauro Vieira fez críticas em relação à atuação do colegiado. “É desesperador não ter consenso” sobre a guerra, disse vieira. 

Jordânia

A embaixada israelense na Jordânia retirou quase todo o pessoal que trabalha na embaixada israelense em antecipação a um protesto contra Israel na capital Amã. Segundo informações

Edição: Leandro Melito