islamofobia

Massacre em Gaza escancara perseguição a jogadores muçulmanos na Europa

Clubes europeus, entre eles o Bayern de Munique, anunciaram investigações contra jogadores a favor da causa palestina

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
O ministro do Interior da França, Gérald Darmanin, acusou Benzema de ter vínculos com a Irmandade Muçulmana, organização política considerada terrorista em diversos países - Fayez NURELDINE / AFP

O repentino poder da liga saudita mudou o fluxo de transferências comum do futebol, com muitos atletas no auge deixando a Europa. Vários desses jogadores são muçulmanos.

A atual guerra no Oriente Médio deixa claras as diferenças de tratamento aos atletas muçulmanos no futebol.

Clubes europeus, entre eles o Bayern de Munique, da Alemanha, anunciaram suspensões ou investigações a atletas muçulmanos que se manifestaram a favor da causa palestina.

O atacante Karim Benzema, já na Arábia Saudita, é acusado na França de ter vínculos com a Irmandade Muçulmana, organização política e religiosa que é considerada terrorista em países como Egito, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita. A afirmação partiu do ministro do Interior, Gérald Darmanin.

Em entrevista ao canal CNews na última segunda-feira (16), Darmanin disse que "o senhor Benzema tem uma ligação notória, como todos sabemos, com a Irmandade Muçulmana". O ministro disse que isso era um problema, pois a Irmandade "dá origem a um clima de jihadismo", mas não deu detalhes do tema.

Nem mesmo o Celtic, da Escócia, agiu diferente. "Nós condenamos a exibição dessas mensagens no Celtic Park", disse o clube, após seus torcedores exibirem faixas com os dizeres "Palestina Livre!" no dia 7 de outubro. É comum o apoio de torcedores do Celtic à causa palestina.

Já nos países muçulmanos, o tom é de apoio máximo à Palestina.

A Federação Argelina de Futebol anunciou a suspensão de todas as suas competições em solidariedade ao povo palestino. A bandeira palestina apareceu bastante durante a data FIFA.

A Arábia Saudita não atraiu tantos jogadores só pela religião – tanto que não muçulmanos também foram para lá. Há outras questões fundamentais, como os altíssimos salários.

Mas alguns jogadores manifestaram que estar em um país muçulmano foi um fator decisivo para a decisão.

"Minha família ficou muito feliz porque é um país muçulmano. Minha mãe foi a primeira a dizer para eu ir. É importante para a minha fé", disse Sadio Mané, que trocou o Bayern de Munique pelo Al Nassr.

Ele não deve estar arrependido da decisão com a atual postura do Bayern.

Casos de islamofobia sempre existiram no futebol europeu.

Uma alternativa de liga forte para que os jogadores muçulmanos demonstrem seu talento, certamente, tem grande vantagem. Ainda mais em um momento que os clubes deixam claro que têm lado em um conflito tão complexo.

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Edição: Thalita Pires