Cerca de dois mil jovens da Via Campesina de todo o país realizam uma marcha nesta terça-feira (17), em Brasília, para entregar ao governo federal a Plataforma da Juventude, um documento com 103 demandas dos jovens para avançar nas pautas de defesa da agroecologia sustentável e das demandas dos jovens do campo que estão reunidos desde o dia 13 no estádio Nilson Nelson, da capital federal, no acampamento nacional “Juventude em Luta, por Terra e Soberania Popular”.
O ato de entrega das demandas ocorrerá no Ministério do Desenvolvimento Agrário, onde os jovens serão recebidos pelo ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) Paulo Teixeira, marcando o encerramento das atividades do acampamento da juventude campesina.
As demandas apresentadas são divididas em 11 categorias: participação popular, alternativas populares à crise ambiental, terra e território, produção de alimentos saudáveis e abastecimento popular, combate à desigualdade, educação, trabalho e renda, cultura, comunicação, direitos humanos e saúde.
O documento pede a priorização da participação dos jovens de movimentos sociais no Conselho Nacional da Juventude, destinação de 30% dos assentamentos da reforma agrária para jovens sem-terra, investimento de pelo menos R$ 2 bilhões no Programa Nacional de Educação em Áreas de Reforma Agrária, concessão de bolsas de R$ 2,1 mil para manter os jovens no campo, criação de mil bolsas para financiar agentes populares jovens de desenvolvimento territorial para atuar na articulação política no campo e na meta de recuperar 12 milhões de hectares de áreas degradadas até 2030, como estabelecido pelo Brasil no Acordo de Paris.
O ato terá início no Teatro Nacional e irá percorrer a Esplanada dos Ministérios. Entre as organizações que participam do Acampamento, estão MST, MPA, MAB, MAM, MMC, PJR e Conaq. “É o momento para dialogarmos com a sociedade sobre as pautas centrais para a juventude do campo, das águas e das florestas” explica Renata Menezes, da direção nacional do MST e militante da Via Campesina. Para Menezes, a ação também tem um caráter de denúncia.
“Ajudamos a eleger este Governo, mas precisamos que medidas concretas para nossa juventude sejam efetivadas e isto passa também por barrarmos por projetos prejudiciais às famílias camponesas no Congresso Nacional”, destaca.
Pautas além da juventude
A Plataforma da Juventude também marca posição sobre pautas que estão na ordem do dia do Congresso e do Supremo Tribunal Federal, como a descriminalização do aborto, o combate à criminalização das drogas.
Também estão no documento a defesa da revogação do novo ensino médio, criado no governo Michel Temer e a rediscussão sobre essa etapa da educação pública; a universalização da internet banda larga nas comunidades rurais; criação de capacitação em cinema e audiovisual com bolsas para formar 30 mil jovens por ano; subsídio para aquisição de smartphones; criação de observatório de violência de gênero e LGBTQIA+ no Campo e criação de mil rádios comunitárias no campo
Edição: Rodrigo Durão Coelho