O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um apelo público ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, e à comunidade internacional para pôr fim ao que chamou de “a mais grave violação aos direitos humanos no conflito no Oriente Médio”.
“Crianças jamais poderiam ser feitas de reféns, não importa em que lugar do mundo”, disse o presidente em seu perfil no X, antigo Twitter, na manhã desta quarta-feira (11). “É preciso que o Hamas liberte as crianças israelenses que foram sequestradas de suas famílias. É preciso que Israel cesse o bombardeio para que as crianças palestinas e suas mães deixem a Faixa de Gaza através da fronteira com o Egito”, escreveu.
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De acordo com o Ministério da Saúde da Palestina, quase 60% dos feridos na Faixa de Gaza são mulheres e crianças, em anúncio publicado na manhã desta quarta-feira (11). Até este momento, foram contabilizados 1.055 palestinos mortos e 5.184 outros cidadãos gravemente feridos. Em Israel, são pelo menos 1.200 mortos e 2.700 feridos.
“É preciso que haja um mínimo de humanidade na insanidade da guerra. É urgente uma intervenção humanitária internacional. É urgente um cessar fogo em defesa das crianças israelenses e palestinas”, disse Lula no comunicado.
“O Brasil, na presidência provisória do Conselho de Segurança da ONU durante o mês de outubro, se juntará aos esforços para que cesse de imediato e em definitivo o conflito. E continuará trabalhando pela promoção da paz e em defesa dos direitos humanos no mundo.”
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Quando começou o conflito entre o Hamas e Israel, no sábado (7), Lula chamou a série de ofensivas do grupo palestino contra o estado israelense de “ataques terroristas”. O presidente afirmou que repudia o “terrorismo em qualquer de suas formas”.
“O Brasil não poupará esforços para evitar a escalada do conflito, inclusive no exercício da Presidência do Conselho de Segurança da ONU. Conclamo a comunidade internacional a trabalhar para que se retomem imediatamente negociações que conduzam a uma solução ao conflito que garanta a existência de um Estado Palestino economicamente viável, convivendo pacificamente com Israel dentro de fronteiras seguras para ambos os lados”, disse na ocasião, em seu perfil no X.
Crimes de guerra
Mais cedo, a Comissão de Inquérito sobre o Território Palestino Ocupado, da ONU, informou que existem “claras evidências” de que o governo da extrema direita de Benjamin Netanyahu está cometendo crimes de guerra.
A comitiva declarou que está "seriamente preocupada com o mais recente ataque de Israel a Gaza" e com o “cerco total" a Gaza, que envolve bloqueio a água, alimentos, eletricidade, combustível e medicamentos. Para a ONU, “sem dúvida, custará vidas civis e constituirá um castigo coletivo".
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"A Comissão insta as forças de segurança israelitas e os grupos armados palestinianos a respeitarem estritamente o direito internacional humanitário e o direito internacional dos direitos humanos", diz a Nações Unidas, na nota.
Desde a madrugada do último sábado (7), 263.934 pessoas em Gaza fugiram de suas casas, de acordo com levantamento do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado na noite desta terça-feira (10). Cerca de 70 mil palestinos buscam refúgio em escolas.
Os quase 600 mil habitantes da Faixa de Gaza vivem confinados em cerca de 350 km2 do território. As fronteiras, tanto com Israel como com o Egito, permanecem fechadas.
Edição: Rodrigo Durão Coelho