Memória

Editor-chefe da EBC e ex-jornalista da Globo, Luiz Carlos Braga diz que não houve ditadura militar no Brasil

Em entrevista para podcast, em novembro de 2022, o jornalista também elogiou o ex-presidente Jair Bolsonaro

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Luiz Carlos Braga está à frente do Repórter Brasil, telejornal da TV Brasil - Foto: EBC

Em entrevista ao Podcast 61, em novembro de 2022, Luiz Carlos Braga, apresentador da TV Brasil e editor-chefe na Empresa Brasil de Comunicação (EBC), afirmou que não houve ditadura militar no Brasil.

“Pra mim não foi ditadura, foi um governo militar”, explicou Braga ao apresentador Ronan Carlos, que queria saber se ele “tomou uns cacetes da ditadura militar” (ver vídeo). O jornalista, que trabalhou na Rede Globo entre 1981 e 2008, é filho de um militar que trabalhava nas Forças Armadas no período da ditadura.

Em nota, a estatal relativizou o peso da declaração e a negação da ditadura militar. "O jornalista Luiz Carlos Braga foi contratado para o telejornal Repórter Brasil por critérios estritamente profissionais. Não cabe à EBC concordar ou não com o que ele afirmou antes de vir para a empresa e na condição de jornalista."

A ditadura militar foi um período em que as Forças Armadas estiveram à frente do poder no país e que começou com um golpe, instaurado em 1 de abril de 1964 e que durou até 1984.

Neste período, cinco generais se revezaram no poder e o país viveu uma era sangrenta, com a perseguição, prisão, sequestro, tortura e assassinato de milhares de opositores do regime. Na época, a imprensa e artistas eram censurados para que as violações não chegassem à opinião pública.

Braga trabalhou na EBC durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), entre os anos de 2020 e 2022. Em julho deste ano foi recontratado pela estatal para o cargo de editor-chefe e, em 7 agosto passou a apresentar o programa Repórter Brasil, na TV Brasil, que é transmitido diariamente, às 19h.

Em outro trecho da entrevista, Braga elogiou o ex-presidente Bolsonaro. “Ele teve muita boa intenção, ele me lembrava muito a forma de governar do Collor. O Collor quando disse que não precisava do Congresso, o Congresso foi e tirou ele”, afirmou o jornalista, que ponderou. “Cometeu alguns erros, mas cometeu erros como todo mundo que passou na Presidência da República cometeu.”

Ainda sobre Bolsonaro, Braga criticou a postura da imprensa brasileira. “Foi uma coisa muito partidária da minha profissão, dos meus colegas jornalistas. Todo mundo decidiu que não gostava do cara e vamos acabar com o cara.”

Perguntado o que pensava sobre a eleição do atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou que “é um cara que curto pela história”, mas criticou a ascensão do mandatário brasileiro ao poder.

“Me assusta o fato de você ter uma pessoa condenada em várias instâncias ter virado presidente, porque foram anuladas todas as condenações. Aí você pensa, todos esses juízes estavam errados?”, questionou.

Braga está contratado pela EBC via sua empresa, a Luiz Carlos Braga Comunicações Ltda, por onde recebe mensalmente R$ 28.500, o contrato abrange também o valor pago à jornalista Maria Paula Sato. Em sua primeira passagem, encerrada em março de 2022, recebia R$ 18.000.

Outro lado

O Brasil de Fato procurou Luiz Carlos Braga. Porém, até o fechamento desta matéria o jornalista não havia respondido. Caso o faça, o texto será atualizado.

Edição: Rodrigo Durão Coelho