O presidente do Paraguai, Santiago Peña, afirmou que deixará as negociações entre o Mercosul e a União Europeia se as partes não chegarem a um acordo antes de dezembro, quando o Brasil entregará a liderança do bloco para Assunção.
O mandatário criticou o andamento das negociações antes mesmo de assumir a presidência do Mercosul, marcado para dia 6 de dezembro.
Pouco depois de voltar dos Estados Unidos, onde participou da Assembleia Geral das Nações Unidas, Peña garantiu que comunicou ao seu homólogo brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, a sua intenção de procurar outros acordos.
"Pedi ao presidente Lula que feche a negociação, porque se não fechar não vou continuar no próximo semestre", afirmou Peña em uma entrevista coletiva. "Vou dedicar o próximo semestre à celebração de acordos com outras regiões do mundo e tenho a certeza que chegaremos a um acordo muito rapidamente", acrescentou o paraguaio.
Lula já confirmou que espera concluir as negociações do acordo com a UE ainda neste ano. Elas estão suspensas desde 2019, muito por causa das preocupações ambientais do continente europeu.
Acordo UE-Mercosul sem ameaças
O Brasil assumiu a Presidência do Mercosul pretendendo dar um "impulso" à agenda externa do bloco, além de dar andamento às negociações com a União Europeia. O acordo entre as partes, que já se estende por duas décadas de conversa, teve uma resolução em 2019 quando ambos os lados chegaram a um acordo político geral para selar um pacto de livre comércio.
Mesmo com o acordo, algumas arestas de aspectos técnicos ainda estão sendo solucionados. Porém, o andamento dessas resoluções foram se complicando a partir de novas demandas da Europa que estabelecem condições relacionadas a temas de meio ambientais para a conclusão do acordo comercial entre os dois blocos.
O presidente Lula já disse que, se depender de sua vontade, o acordo comercial Mercosul-UE será concluído ainda em 2023, mas ressaltou que o bloco sul-americano “não aceitará ameaças”, após insinuar uma postura intransigente durante as negociações, especialmente por parte da França.
“Na carta da União Europeia, tem uma ameaça: ‘se não tiver acordo, vai ter punição’. Nós não aceitamos isso. Respondemos, mandamos a carta para o Uruguai, para o Paraguai e para a Argentina, e o Mauro (Vieira, ministro das Relações Exteriores) cuida disso. Já devemos ter enviado para a União Europeia”, afirmou o presidente em coletiva durante uma viagem a Luanda, capital de Angola, em agosto.
A carta em questão é um documento adicional proposto por Bruxelas e que prevê sanções em caso de descumprimento de metas ambientais.
“Eu quero fechar o acordo neste ano. Estamos há 20 e poucos anos brigando por isso. Não é fácil negociar com os franceses, é muito difícil, porque eles querem que você abra mão de tudo e não querem abrir mão de nada. Eles valorizam muito o franguinho deles, o vinhozinho deles, mas o acordo é uma necessidade para o Brasil e para eles”, disse.
(*) Ansa.