Neste domingo (24), o governo cubano denunciou um ataque terrorista contra a embaixada de Cuba em Washington. Dois coquetéis molotov foram lançados contra o prédio por um indivíduo cuja identidade ainda não foi revelada. Não foram registrados ferimentos em funcionários.
"Nesta noite (24), a Embaixada de Cuba nos EUA foi alvo de um ataque terrorista por um indivíduo que atirou dois coquetéis molotov. Não houve danos ao pessoal. Os detalhes estão sendo esclarecidos", escreveu o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, nas redes sociais.
Além disso, o ministro das Relações Exteriores denunciou que "grupos anti-cubanos recorrem ao terrorismo quando se sentem impunes". Ele afirmou que as autoridades americanas foram avisadas "repetidamente" de que esse tipo de ataque poderia ocorrer.
Apesar disso, de acordo com as informações obtidas pelo Brasil de Fato através de fontes envolvidas nas atividades em Nova York, as autoridades norte-americanas não reforçaram as medidas de segurança na embaixada cubana.
Em 2021, o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, acrescentou Cuba à lista de países designados pelos EUA como "patrocinadores estatais do terrorismo". Essa inclusão permanece em vigor até hoje. A medida interrompeu não apenas o comércio, mas também o fornecimento de produtos essenciais, como combustível e medicamentos para o país. A inclusão unilateral na lista é denunciada pela maioria dos países membros da ONU como uma violação da lei internacional.
Por sua vez, a embaixadora de Cuba nos Estados Unidos, Lianys Torres Rivera, disse que "nos comunicamos imediatamente com as autoridades norte-americanas, que tiveram acesso à missão para coletar amostras dos coquetéis molotov."
Esse não é o primeiro ataque à embaixada cubana nos EUA. Em abril de 2020, um homem de 42 anos armado com um fuzil de assalto abriu fogo do lado de fora da embaixada cubana, atirando nas paredes e colunas da fachada e na entrada principal.
Viagem de Díaz-Canel a Nova York
O ataque ocorreu poucas horas depois do retorno do presidente Miguel Díaz-Canel a Havana, após participar da Assembleia Geral das Nações Unidas como presidente pro tempore do G77 e da China. O presidente cubano foi um dos primeiros oradores na abertura da assembleia.
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Durante sua estada em Nova York, o presidente Díaz-Canel realizou reuniões com diferentes setores da comunidade cubana que vive nos EUA, assim como com representantes de organizações da sociedade civil. A agenda de reuniões incluiu líderes religiosos, ativistas sociais, acadêmicos e profissionais ligados à ciência e tecnologia, e até mesmo empresários.
Na sexta-feira (22), a delegação oficial se reuniu com representantes dos setores empresariais da Câmara de Comércio dos EUA, da Coalizão Agrícola dos EUA para Cuba, além de vários empresários cubano-americanos, como Mike Fernández, Ariel Pereda, Carlos Saladrigas, Ralph Patiño e Hugo Cancio.
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De acordo com o Miami Herald, as autoridades de Havana disseram que Cuba está pensando em permitir que os cubanos que vivem no exterior invistam e tenham negócios na ilha.
A presença da delegação cubana gerou mobilizações tanto em apoio a Cuba bem como em rejeição ao governo do país caribenho.
Na mesma sexta-feira (22), cem pessoas ligadas a diferentes movimentos populares marcharam na cidade de Nova York exigindo o fim do bloqueio imposto pelos Estados Unidos contra o país socialista. O presidente Díaz-Canel juntou-se à manifestação de solidariedade.
No sábado (23), ele participou do evento "Voices of Dignity: People vs Blockades". Em um discurso de pouco menos de uma hora, Díaz Canel se dirigiu a um público de centenas de pessoas que vieram manifestar seu repúdio ao bloqueio. Ele analisou as duras condições enfrentadas pelo povo cubano devido ao bloqueio.
"Acreditamos firmemente, como Fidel nos ensinou, que não há poder no mundo que possa derrotar o poder da verdade e das ideias", disse Canel, acrescentando que os cubanos continuarão "ao seu lado enquanto vocês lutam por Cuba, enquanto lutam pelo socialismo e enquanto lutam pela justiça social."
Edição: Patrícia de Matos