A Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) recebeu, na última sexta-feira (22), o pai da menina Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos, morta durante ação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), em Seropédica, na Baixada Fluminense, no feriado de 7 de setembro.
William Silva pediu que os agentes envolvidos no caso sejam responsabilizados pela morte de sua filha. A presidente do colegiado, deputada Dani Monteiro (PSOL), destacou a importância do acolhimento psicológico à família e afirmou que a PRF se comprometeu a ampliar o debate sobre direitos humanos.
Emocionado, William revelou que Alana dos Santos Silva, mãe de Heloísa, está muito abalada psicologicamente.
"Eu sei que nada vai trazer a vida da minha filha de volta, mas o mínimo que a gente pede é por justiça. A perda dela não vai sarar nunca, até o último minuto da minha vida. O que aconteceu foi um absurdo, vindo de quem deveria nos proteger. A gente pede a responsabilização de quem cometeu esse ato covarde. Minha esposa era para estar aqui, mas não teve condições; ela não consegue comer bem desde o dia do ocorrido", disse o pai da vítima.
:: MPF pede prisão de agentes envolvidos na morte da menina Heloísa ::
Dani Monteiro explicou que o representante da Comissão Regional de Direitos Humanos da PRF, Edésio Portes da Silva, presente no encontro – que num primeiro momento aconteceu de forma reservada –, afirmou que a corporação ampliará os debates acerca do tema, a fim de evitar casos como o de Heloísa.
"Era uma criança que tinha apenas três anos e não teve chances. A gente contou, nesse acolhimento, com o agente da PRF, que nos trouxe o que a corporação está fazendo não apenas para contribuir com a elucidação do caso, mas também a perspectiva do trabalho de direitos humanos dentro da corporação", afirmou a deputada.
A presidente do colegiado ainda pontuou que o acolhimento é fundamental para preservar a saúde mental da família e explicou como a Comissão de Direitos Humanos vai monitorar o caso.
"O acompanhamento será constante. A perda de um ente querido é algo que o familiar vai levar para sempre. A gente faz esse acolhimento e acompanha a perspectiva da investigação. Nós sabemos que os agentes foram afastados, mas aguardam em liberdade o julgamento, o que é muito temerário. Esperamos também que a PRF tome medidas para que situações como essa não voltem a acontecer", acrescentou a parlamentar.
:: Fogo Cruzado: pelo menos 600 crianças e adolescentes foram baleados no RJ nos últimos sete anos ::
Ação de reparação
O advogado da família de Heloísa, Jorge Beck, elogiou o trabalho de investigação, feito pelo Ministério Público Federal (MPF), e revelou que deverá ingressar na Justiça com uma ação de reparação.
"O trabalho que o MPF está fazendo neste caso tem sido magnífico, se dedicando com afinco para trazer a solução do fato. A gente ainda está psicologicamente voltado à perda da menina. É preciso haver o processo criminal em andamento para, depois, impetrar outra ação de reparo, o que acredito que deve ser feito em breve", comentou Beck.
Também estiveram presentes na reunião a vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, vereadora Monica Cunha (PSOL), e o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional do Rio de Janeiro (OAB-RJ), Rodrigo Mondego.
Leia mais: Criança baleada na Ilha do Governador (RJ) será enterrada nesta segunda-feira (14)
Relembre o caso
Heloísa foi baleada no Arco Metropolitano, em Seropédica, no último dia 7 de setembro. Ela estava em um carro com os pais, uma tia e a irmã, de oito anos.
De acordo com as investigações, o veículo estava sendo acompanhado por uma viatura da PRF e, quando ligou a seta, indicando que iria parar, foi alvejado por disparos dos agentes.
Após ficar internada por mais de uma semana no Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, Heloísa morreu, no último sábado (16). Os demais ocupantes do automóvel não foram atingidos.
Fonte: BdF Rio de Janeiro
Edição: Jaqueline Deister