Fronteiras

Escritoras destacam desafios para publicações de mulheres negras no Brasil

"Pensadoras e autoras negras brasileiras: uma reescritura do Brasil" foi tema da 1ª Festa do Livro da UnB, em Brasília

Brasil de Fato | Brasília (DF)  |
Escritoras negras participam de mesa na 1ª Festa do Livro da UnB - Brasil de Fato DF

Com a temática “Pensadoras e autoras negras brasileiras: uma reescritura do Brasil”, ocorreu entre os dias 19 e 21 de setembro a 1ª Festa do Livro da UnB, com uma programação que incluiu oficinas criativas, debates, mesas-redondas e palestras. Entre os diversos temas tratados, foi central a discussão sobre as possibilidades de publicações das escritoras negras. 

Para a escritora e professora da Universidade de Brasília (UnB) Dione Oliveira Moura, existem três caminhos principais das mulheres negras publicarem: por meio de coletivos de mulheres (com e-books, por exemplo); livros acadêmicos resultados de pesquisa em pós-graduação e via algumas editoras, principalmente as universitárias, que têm abertos editais para publicações de mulheres negras. 

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“Esse é um movimento que tende a crescer, porque você tem mais mulheres negras como autoras e produtoras de conteúdos que ainda não foram publicados”, avaliou Dione.

“Existem muitas histórias de mulheres negras adormecidas. Então, é preciso que as editoras comerciais entendam que se vocês investirem na publicação de mulheres negras há muitas como Conceição Evaristo, Firmina[dos Reis] e Carolina de Jesus”, acrescentou. 

Para a também escritora e professora da UnB, Deborah Silva Santos, as cotas têm contribuído para o aumento de mulheres negras nas universidades, mas esse grupo ainda enfrenta mais dificuldade na hora das publicações.

“É importante tirar as mulheres negras da invisibilidade, por mais que sabemos que tem mulheres negras escrevendo, que são grandes autoras, geralmente passam despercebidas”, destacou.

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Jovem escritora

As professoras Dione e Deborah dividiram uma das mesas de discussão da Festa do Livro com a mestranda Kátia Silene Souza de Brito. A estudante da pós-graduação se considera uma jovem escritora, mas já publicou um capítulo no livro 'Vá no seu tempo e vá até o final: mulheres negras cotistas no marco dos 60 anos da UnB', organizado pelas duas professoras. 

Kátia faz mestrado em Ciência da Informação e diz que na sua área ainda faltam referências de mulheres negras e por isso acredita na relevância de suas pesquisas e futuras publicações.

“Eu pesquiso sobre as redes afro-digitais e a gente sente falta do referencial da nossa história. De como foi essa ciência da informação a partir da visão e do olhar da pessoa negra”, destacou Kátia.

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Festa do Livro

De acordo com a organização da 1ª Festa do Livro, a iniciativa faz parte de um empenho da Universidade de Brasília em construir um mundo de igualdade de oportunidades para todos, independentemente da cor da pele ou da extração social. Por isso, o evento se reveste de grande importância ao dar seguimento a uma práxis crítico-política no esforço cotidiano de democratizar o conhecimento.

A Editora UnB escolheu o ano de 2023 para homenagear pensadoras e escritoras negras, com o objetivo de uma reescritura do Brasil, que se iniciou com o “Clube do Livro”, em curso, reunindo obras de nove escritoras negras, e conclui com o evento da Festa do Livro com o intuito de reunir escritores, leitores, estudantes, com o objetivo de estimular a leitura e incentivar a formação de leitores críticos capazes de interpretar e mudar o mundo.

Fonte: BdF Distrito Federal

Edição: Flávia Quirino