Este 11 de setembro, que marca os 50 anos do golpe militar no Chile, que depôs o presidente Salvador Allende (1970-1973) e inaugurou uma das ditaduras mais violentas da região (1973-1990), é dia de celebrar a democracia e repudiar qualquer tipo de golpe — no Chile, no Brasil, na América do Sul, no mundo —, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Mais do que recordar os 50 anos do golpe militar no Chile e da morte do Salvador Allende, hoje é dia de reafirmarmos a democracia como valor essencial para os seres humanos”, afirmou o presidente por meio de uma postagem na rede X (antigo Twitter).
Mais do que recordar os 50 anos do golpe militar no Chile e da morte do Salvador Allende, hoje é dia de reafirmarmos a democracia como valor essencial para os seres humanos. Que sem ela desaparece aquilo que nos faz humanos.
— Lula (@LulaOficial) September 11, 2023
O golpe comandado por Pinochet mergulhou o país numa…
:: Há 50 anos, só uma coisa importava no Chile: sobreviver a um golpe feroz ::
Allende, segundo ele, foi punido “pelo ‘crime’ de tentar fazer do Chile um país mais desenvolvido e mais justo”. Lula, que acaba de voltar da Índia, onde participou da Cúpula do G20 — grupo das maiores economias do mundo mais a União Europeia —, não foi a Santiago para o ato que rememora o cinquentenário do golpe. O governo brasileiro foi representado pelos ministros Silvio Almeida (Direitos Humanos) e Flavio Dino (Justiça).
:: A brutalidade de Pinochet é uma ferida aberta na sociedade chilena ::
O evento contou com a presença do presidente chileno, Gabriel Boric, dos ex-presidentes Ricardo Lagos (2000-2006), Michelle Bachelet (2006-2010, 2013-2017), de mandatários latino-americanos como Andrés Manuel López Obrador (México), Gustavo Petro (Colômbia), Luis Arce (Bolívia) e Luis Lacalle Pou (Uruguai), além de personalidades como o ex-presidente uruguaio Pepe Mujica, a líder das Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto, e o juiz espanhol Baltasar Garzón, que condenou o ditador chileno Augusto Pinochet, líder do golpe de 1973.
Discurso emotivo
A senadora María Isabel Allende, filha de Salvador Allende, fez um discurso no ato. A parlamentar, que esteve ao lado do pai durante o bombardeio ao Palácio de La Moneda, ato mais simbólico do golpe de Estado, disse ser necessário recuperar a memória daquele “dia frio e cinza”, assim como homenagear os pouco mais de 40 homens e mulheres que “estiveram ao lado do meu pai enquanto as bombas caíam sobre o Palácio”.
“Fizeram um trabalho que foi muito além das suas responsabilidades, continuaram conosco mesmo depois de o presidente ter ordenado que fugissem para salvar suas vidas”, afirmou Allende, que é militante do Partido Socialista — não confundir com a escritora Isabel Allende, que é sobrinha do ex-presidente. “A maioria dessas pessoas terminou tendo o mesmo fim trágico do meu pai. Morreram defendendo a democracia no Chile”.
“A experiência da Unidade Popular (coligação que levou Allende ao poder) foi uma das grandes conquistas da história do Chile e é símbolo no mundo inteiro de justiça social, pluralidade e defesa dos direitos dos mais pobres através da via democrática”, disse a filha em outro momento do discurso.
“O Chile de Salvador Allende foi um sonho interrompido, mas inspirou projetos por um mundo mais justo em todos os continentes. E por isso nós podemos ver o seu nome em várias ruas e monumentos no Chile e fora dele”, acrescentou.
(Com informações do Opera Mundi)
Edição: Thales Schmidt