Às vésperas do aniversário de 50 anos do golpe militar, a Justiça chilena condenou sete militares aposentados pelo sequestro e assassinato do cantor Victor Jara, em 1973. A pena estabelecida pelo Tribunal Supremo do Chile foi de 25 anos de reclusão.
Um dos militares, Hernán Chacón Soto, se suicidou quando a Brigada de Direitos Humanos da Polícia de Investigações chilena foi buscá-lo em casa, para que cumprisse a pena na penitenciária Punta Pueco, prisão onde criminosos da ditadura militar do Chile estão detidos.
Um dos grande nomes da música na América do Sul, o chileno Victor Jara foi sequestrado por militares no dia 12 de setembro de 1973, um dia após o golpe dado pelo general Augusto Pinochet.
A decisão da corte foi unânime e, segundo os magistrados, “os fatos descritos são reais, uma vez que ocorreram num determinado lugar e tempo e estão provados, legalmente acreditados através dos meios de prova.”
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Além de Chacón Soto, Raúl Jofré González, Edwin Dimter Bianchi, Nelson Haase Mazzei, Ernesto Bethke Wulf e Juan Jara Quintana completam o grupo condenado pela justiça chilena. Eles tiveram suas penas divididas em dois crimes: 15 anos pelo assassinato de Jara e mais dez anos pelo sequestro do cantor.
A decisão foi celebrada por Luis Cordero, ministro da Justiça do Chile. Um dos militares condenados pela morte de Victor Jara suicidou-se. “As sentenças judiciais têm um papel reparador quando não só condenam os culpados, mas também contam as histórias das vítimas.”
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Victor Jara e a ditadura chilena
Após ser sequestrado, Victor foi levado, junto de milhares de outros chilenos, ao Estádio Chile, torturado e assassinado alguns dias depois. Atualmente o estádio leva seu nome.
Em 2009, houve um novo sepultamento do corpo de Víctor Jara, dando aos chilenos o direito a uma despedida digna, já que o enterro realizado em 1973, havia sido feito sob clima de terrorismo de Estado. Nove ex-funcionários do exército foram condenados pelo seu sequestro e assassinato em 2018.
A Comissão Chilena de Direitos Humanos estima que 3,2 mil cidadãos morreram pelas mãos de agentes do Estado, sendo que destes, 1.192 permanecem desaparecidos. Cerca de 33 mil pessoas foram torturadas e presas por motivos políticos, além de cerca de 200 mil pessoas precisaram se exilar durante o regime de repressão de Augusto Pinochet.
Edição: Vivian Virissimo