Um grande júri na Geórgia decidiu pelo indiciamento do ex-presidente dos EUA Donald Trump e outras 18 pessoas por tentativas de reverter a derrota do republicano no estado em 2020. Ele enfrenta 13 acusações diferentes que carregam uma pena mínima obrigatória de 5 anos de prisão caso seja condenado, com uma máxima de 20 anos.
Em 2020, durante a apuração dos votos no estado, Donald Trump, então presidente dos Estados Unidos, ligou para o Secretário Geral do Estado, o também republicano Brad Raffensperger. Na conversa, gravada e posteriormente divulgada por Raffensperger, Trump pedia para que ele encontrasse 11.780 votos, a quantidade que precisava para contabilizar os delegados eleitorais do estado, elemento que poderia definir o pleito.
Mas as acusações apresentadas por Fani Willis, a procuradora do condado de Fulton, não focaram apenas na conversa telefônica que foi amplamente divulgada pela mídia. Em 97 páginas, a acusação apresenta evidências de uma ampla ação criminosa, envolvendo pressão sobre trabalhadores eleitorais e depoimentos falsos apresentados em cortes do estado. Outros 30 co-conspiradores não indiciados são indicados no documento.
Fani Willis afirmou em coletiva de imprensa que o objetivo é julgar o caso em 6 meses. Analistas acreditam, porém, que isso é mais um desejo do que possibilidade real. Com tantos acusados, o caso poderia levar anos para chegar a um julgamento. Caso condenado, porém, visto que o caso é estadual, nem mesmo um perdão presidencial - ou auto-perdão - poderia evitar que ele fosse preso.
Politicamente, o caso na Geórgia tem impactos negativos para Donald Trump. Dentre as testemunhas da acusação estão figuras do próprio Partido Republicano, algo que pode fortalecer a guinada da Geórgia, tradicionalmente republicana, rumo ao Partido Democrata. Além disso, Willis, fortemente atacada por Trump, afirmou que o julgamento será aberto para a mídia e televisionado.
A um ano da eleição, Trump segue afirmando que os 4 indiciamentos contra ele são politicamente motivados, uma caça às bruxas pelo fato de ele estar liderando nas pesquisas pela nomeação republicana para 2024. Ainda que os indiciamentos tenham sido bons para a sua popularidade interna no partido, é muito provável que uma condenação em qualquer um dos 4 casos o prejudicaria em uma disputa geral contra Joe Biden.
QUAIS SÃO OS OUTROS CASOS CONTRA TRUMP?
NOVA YORK - Trump responde a 34 acusações por falsificar documentos oficiais com a intenção de esconder um pagamento de suborno à ex-atriz pornô Stormy Daniels, com quem teria tido um caso. O julgamento do caso está previsto para março de 2024. Se condenado, Trump pode pegar 4 anos de prisão e só pode ser perdoado pela governadora de Nova York, a democrata Kathy Hochul.
MIAMI - O ex-presidente responde a 40 acusações relacionadas à retenção ilegal de documentos sigilosos após a saída da Casa Branca, assim como conspiração para obstrução de uma investigação federal e falsos testemunhos. O julgamento do caso está previsto para acontecer em maio de 2024. Caso condenado, Trump pode pegar até 35 anos de prisão. Por se tratar de crimes federais, ele poderia ser perdoado pelo presidente dos Estados Unidos.
WASHINGTON, D.C. - No caso mais grave até aqui, Trump é acusado de conspirar para tentar reverter os resultados da eleição de 2020, ferindo assim direitos básicos dos cidadãos do país. A acusação foi feita a partir das investigações sobre a invasão do Capitólio em 6 de janeiro e o júri será formado por moradores de Washington, cidade onde Trump teve menos de 6% dos votos em 2020. No dia 28 de agosto será decidida a data do julgamento e a proposta da acusação é que aconteça em 2 de janeiro de 2024. Trump pode pegar 35 anos de prisão. Tal qual o caso de Miami, por serem crimes federais Trump pode receber um perdão presidencial.
Edição: Rodrigo Durão Coelho