A junta militar do Níger anunciou nesta segunda-feira (14/08) que iniciará um processo judicial contra o ex-presidente Mohamed Bazoum por suposto crime de “alta traição”.
Os representantes do novo governo nigerino – que chegou ao poder após o levante de 26 de julho – afirmam ter provas documentais suficientes para determinar que a administração de Bazoum deteriorou a segurança interna e externa do país durante seus pouco mais de dois anos na presidência – entre abril de 2021 e julho de 2023.
Em um comunicado lido em rede nacional, o coronel Amadou Abdramane, porta-voz da junta, afirmou que “o presidente deposto e seus cúmplices locais e estrangeiros cometeram alta traição, ao minar a segurança interna e externa do Níger, e devem ser processados em instâncias nacionais e internacionais”.
Abdramane foi o líder do operativo que resultou no sequestro de Bazoum e sua família, primeiro ato do levante que derrubou o governo anterior.
O porta-voz também se referiu ao estado de saúde do ex-mandatário e seus familiares mais próximos, que continuam reféns dos insurgentes e que foram visitados por uma equipe médica neste domingo (13/08), segundo o militar nigerino.
“Após esta consulta, o médico não levantou problemas quanto ao estado de saúde do ex-presidente deposto e de seus familiares”, afirmou o coronel.
O representante da junta militar criticou as sanções impostas ao país pela Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), classificando-as como “ilegais, desumanas e humilhantes”, por dificultarem o acesso das pessoas a alimentos e medicamentos.
O coronel terminou sua declaração afirmando que o líder da junta militar nigerina, general Abdourahamane Tiani, “disse mais de uma vez que o país mantém as portas estavam abertas para resolver as diferenças (com a CEDEAO) através da diplomacia e do diálogo”.