A deputada estadual Bruna Rodrigues (PCdoB), tornou-se na última quarta-feira (2) a primeira deputada negra na história do Parlamento gaúcho a presidir uma sessão plenária da Assembleia Legislativa, em seus quase 200 anos de existência. Evento aconteceu no Grande Expediente da sessão plenária no Memorial do Legislativo. Na ocasião a parlamentar abordou o tema Agosto Lilás - Defender a vida e os direitos das mulheres.
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“Pode parecer algo pequeno, mas não é: nunca na história da Assembleia uma mulher negra presidiu os trabalhos, pois nós nunca estivemos neste lugar. É a primeira legislatura que conta com a nossa presença. E estar ali, compondo este espaço, num lugar tão simbólico que é o Memorial, que conta também com a memória da Assembleia, num mês também significativo como é o Agosto Lilás, que conta com a luta e a história das diversas mulheres no combate à violência”, afirmou Bruna.
Ela destaca que são nos pequenos gestos que vão demonstrando as mudanças à população. “Ainda não mudou tanto porque a correlação de forças ainda não mudou no Parlamento, mas pode mudar. É um sinal, pequeno, mas muito simbólico”, comentou a deputada.
Durante o seu pronunciamento, a parlamentar expôs os dados sobre a violência, destacando números em relação às pessoas negras. Conforme apontou, 58% das mulheres desempregadas são negras, 77% das vítimas de homicídios no Brasil também são negras. Além disso, 66,3% das pessoas presas no país são negras. Entre os números mencionados, relatou que 61% das mulheres que estão na economia solidária são negras, bem como, que a maioria são chefes de família.
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Bruna também frisou sobre os 17 anos da Lei Maria da Penha e refletiu sobre os desafios da sociedade. Para ela o país possui legislação capaz de superar a violência, mas no cotidiano verifica que sua efetividade ainda não é plena. “Há muito ainda a ser feito para que a igualdade seja efetiva, em relação a racismo, machismo e outras formas de violência. A violência doméstica precisa ser uma causa de todas as mulheres, de todos os parlamentares e da sociedade de forma ampla, pois deve ser “uma luta que não tem partido”, afirmou.
Bruna se referiu à violência física e psicológica contra as mulheres, ao racismo e as diferenças salariais que aprofundam o cenário que aponta para a necessidade de se avançar na luta. Lembrou que o Rio Grande do Sul é o quarto estado do Brasil que mais mata mulheres.
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Também se manifestaram as deputadas Adriana Lara (PL) e Sofia Cavedon (PT). O deputado Airton Lima (Podemos) se somou aos pronunciamentos em nome da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa. Participaram a presidenta do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, Fabiane Dutra Oliveira, a representante do Mandato Coletivo União da Juventude Socialista, Fabíola Loguercio, a representante do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, Eugênia Steyer e a representante da deputada federal Maria do Rosário, Márcia Falcão.
Ouça a íntegra do discurso da deputada Bruna Rodrigues no Grande Expediente desta quarta-feira.
* Com informações da Assessoria de Imprensa da Deputada Bruna Rodrigues e da Agência de Notícias da Assembleia Legislativa.
Fonte: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Katia Marko