O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) presta depoimento nesta quarta-feira (12) à Polícia Federal (PF) sobre um suposto plano de golpe de Estado denunciado pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES), em fevereiro deste ano.
Na ocasião, o congressista acusou o ex-presidente e o ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) de tentaram coagi-lo a participar de uma tentativa golpista. Ao ser chamado para a reunião, Do Val afirmou que esperava tratar de assuntos relacionados à desmobilização de acampamentos bolsonaristas.
O planejamento para o golpe envolvia a tentativa de gravar uma conversa com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF}), Alexandre de Moraes, com o objetivo de conseguir alguma declaração que pudesse embasar a anulação do resultado das eleições presidenciais de 2022.
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As versões acerca do suposto encontro, no entanto, foram mudando ao longo do tempo. Primeiro, Do Val afirmou que o próprio ex-presidente havia proposto o plano. Depois, disse que Daniel Silveira propôs o golpe, enquanto Bolsonaro apenas “ouviu tudo e ficou calado”.
Do Val ainda declarou que manipulou o noticiário ao dar informações conflitantes sobre uma suposta tentativa de golpe. Logo depois das falas, na saída do Senado Federal, Marcos do Val afirmou que "tudo é estratégico" ao ser questionado sobre as declarações divulgadas pelo ativista Ronny Teles, que gravou a conversa e publicou em seu canal de YouTube.
"O resultado está dando certo", disse o senador. "Com o tempo vocês vão saber qual é [o objetivo]. Vocês podem ter certeza de que com o tempo vocês vão saber qual é. O objetivo foi atingido, e é claro que eu fiz essa manipulação de notícias desencontradas, mas um dia vocês podem entender isso daí", afirmou.
Marcos do Val, ao sugerir uma suposta conspiração envolvendo o ministro Alexandre de Moraes, possivelmente teve como estratégia minar a legitimidade do ministro para conduzir ações contra os atos golpistas e bolsonaristas, mesmo que tal conspiração não tenha ocorrido de fato.
Este será o quarto depoimento de Bolsonaro à Polícia Federal desde que deixou o Planalto. Em ocasiões anteriores, o ex-presidente já foi questionado sobre as joias sauditas, incitação aos atos golpistas e o esquema de fraude em carteiras de vacinação.
Edição: Leandro Melito