A substituição total da vacina de gotinhas contra a poliemielite pela versão injetável do imunizante representa um avanço para o Brasil que vem sendo construído há mais de uma década. Apesar de a substância oral representar impacto histórico na erradicação da doença, a injeção é considerada mais segura e eficaz.
Ela contém o vírus inativado e é conhecida como Vacina Inativa contra a Poliomilite (VIP). Já o imunizante líquido carrega o microrganismo atenuado e é chamado de Vacina Oral contra Poliomielite (VOP). As duas substâncias têm riscos baixíssimos, mas a VIP está ainda mais à frente nesse quesito.
Na semana passada, a ministra da Saúde Nísia Trindade anunciou que, a partir do ano que vem, as doses em gotas serão substituídas gradualmente pela injeção, até que todo o esquema passe a ser realizado apenas com a versão inativada do imunizante.
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A substituição é recomendada pela Organização Mundial da Saúde, que há mais de uma década considera a VIP como essencial para a erradicação global da poliomielite. Desde 2019, ela está presente em todas as nações do mundo, mas por causa do custo e da praticidade, as gotinhas seguem no esquema vacinal de boa parte dos países.
No continente americano, por exemplo, apenas Uruguai, Canadá, Estados Unidos e Costa Rica conseguiram fazer a transição completa para a vacina injetável. No Brasil, a recomendação foi debatida e aprovada pela Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização, que considerou as novas evidências científicas para proteção contra a doença.
Com isso, o país deve passar a adotar exclusivamente a vacina inativada no reforço vacinal previsto aos 15 meses de idade e vai extinguir a dose final, atualmente aplicada aos quatro anos de idade. O esquema vacinal com quatro doses da VIP garante a proteção contra a pólio.
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Ao anunciar as mudanças, a ministra Nísia Trindade afirmou que a retomada das altas coberturas vacinais no Brasil é prioridade do governo federal. "Esse é um movimento, não uma campanha isolada, justamente pela ideia de continuidade e pelo constante monitoramento de resultados. Esse trabalho não se restringe ao Ministério da Saúde, por isso estamos indo aonde estão os movimentos da sociedade."
Zé Gotinha
Símbolo da vacinação no Brasil há quase 40 anos, o personagem Zé Gotinha não vai ficar sem função, mesmo com a mudança na vacinação da pólio. Segundo o Ministério da Saúde, ele segue parte das campanhas de conscientização em todo o território nacional.
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Criado pelo artista plástico Darlan Rosa, o Zé Gotinha nasceu em 1986. Na época, o Brasil fazia parte de um esforço continental para erradicação da pólio até 1990. Zé Gotinha foi responsável por uma mudança substancial na comunicação sobre vacinas para a população.
Antes dele, as campanhas eram pautadas no risco e no medo da doença e dialogavam apenas com os adultos. O personagem significou uma ponte direta com as crianças e informações mais acessíveis para o grande público.
Edição: Nicolau Soares