Profissionais da enfermagem em todo o país se articulam em busca da garantia da implementação do piso salarial da categoria. O assunto voltou à pauta do Supremo Tribunal Federal (STF) em votação no plenário virtual a partir desta sexta-feira (23), com prazo para depósito dos votos dos ministros até o próximo dia 30.
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Trabalhadoras e trabalhadores realizaram assembleias e discussões em diferentes estados do país, e não está descartada uma greve nacional da categoria a partir do próximo dia 29 (quinta-feira). O assunto foi colocado em pauta durante audiência pública na Assembleia Legislativa do Paraná na última terça-feira (20).
Convocada pelo deputado estadual paranaense Renato Freitas (PT), a audiência contou com representantes de diferentes centrais sindicais, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a União Geral dos Trabalhadores (UGT). Outras entidades compareceram para prestar apoio à mobilização dos profissionais.
"Ganhamos muito reconhecimento na pandemia, mas a real valorização ainda não chegou em nossos contracheques. Infelizmente, o STF se rendeu à pressão da rede privada. Planos de saúde cresceram com o nosso trabalho. Para os empresários da saúde a pandemia foi lucrativa", disse na ocasião a Coordenadora do Fórum Nacional da Enfermagem, Líbia Bellusci.
As críticas à postura do Supremo foram ouvidas também em outras localidades do país. Em Fortaleza, onde os profissionais realizaram ato e assembleia na manhã desta sexta, a vice-presidenta do Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos do Município, Ana Miranda, disse que a categoria se articulou à mobilização nacional.
"Nessa linha de ataques à classe de enfermagem, de forma muito estranha, recebeu-se o voto do Ministro Gilmar Mendes e a enfermagem de todo país resolveu se mobilizar. Nós já havíamos iniciado a construção de um dia de luta municipal no dia 27. Em razão desse novo evento desastroso no STF, a gente abre mão desta agenda do dia 27 e passamos a construir a agenda conjunta a nível nacional", contou.
No próximo dia 28, véspera da data indicada para o início da possível paralisação, estão programados atos em diferentes estados do país e no Distrito Federal. O presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Distrito Federal, Jorge Henrique de Sousa e Silva, disse a expectativa é de mobilização por todo o país.
"Ainda restam sete votos [sobre o tema no STF] e nós acreditamos na capacidade que o movimento da categoria tem de influenciar os demais ministros. Estamos, desta forma, apostando no chamado unificado das entidades sindicais representativas do Fórum Nacional da Enfermagem, que definiram calendário de mobilização em todo o Brasil", destacou.
A luta da categoria recebeu apoio de parlamentares em diferentes casas legislativas. A deputada distrital Dayse Amarílio (PSB), que ocupa uma cadeira na Câmara Legislativa do Distrito Federal, pediu apoio de pessoas de outras áreas.
"A gente sabe que nossa grande preocupação é a força dos grandes lobbies, que acontece não só na casa de leis, mas no próprio judiciário brasileiro. A gente se preocupa muito e espera que a sociedade abrace a enfermagem", destacou.
Edição: Rodrigo Durão Coelho