O mundo está com os olhos voltados para a Rússia desde a escalada, neste sábado (24), da maior rebelião militar dentro do país desde a década de 1990. O presidente Vladimir Putin chegou a prometer “esmagar” o motim do grupo mercenário paramilitar Wagner que, ao menos desde 2014, é financiado pelo governo russo para atuar, entre outros locais, na guerra contra a Ucrânia.
Depois que o exército russo supostamente atingiu as bases do grupo paramilitar liderado por Yevgueny Prigozhin, os mercenários iniciaram na última sexta (23) o que chamam de “marcha pela justiça”. Neste sábado (24), o grupo Wagner tomou instalações militares na cidade de Rostov, anunciou ter derrubado helicópteros do Ministério da Defesa russo e estar avançando em direção à Moscou.
Durante a tarde deste sábado (24), o chefe do grupo paramilitar, Yevgeny Prigozhin, anunciou que que os combatentes do Wagner estão reposicionando suas colunas e retornando para as suas bases.
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Diante da crise, as declarações de diferentes chefes de Estado estão, até o momento, cautelosas. Presidentes que se manifestaram publicamente apenas afirmam, em sua maioria, estar monitorando a situação de perto.
Ao ser questionado sobre o tema em Paris, antes de embarcar de volta ao Brasil neste sábado (24), o presidente Lula disse que “seria precipitado” se posicionar antes de ter mais detalhes sobre os acontecimentos. “Eu não pretendo falar de uma coisa tão sensível sem ter as informações necessárias”, declarou.
Pelo Twitter, o secretário de Estado dos Estados Unidos (EUA), Antony Blinken, informou que o governo está em conversa constante com os ministros de relações exteriores do G7, grupo que reúne alguns dos países mais ricos do planeta: Alemanha, Canadá, EUA, França, Itália, Japão e Reino Unido. "Os Estados Unidos permanecerão em estreita coordenação com aliados e parceiros à medida que a situação continuar a se desenvolver", escreveu.
A Casa Branca anunciou que o presidente estadunidense, Joe Biden, em conversa neste sábado com os chefes de Estado da França, Emmanuel Macron, da Alemanha, Olaf Schoz e o premiê do Reino Unido, Rishi Sunak, reforçou seu “apoio inabalável” à Ucrânia.
A Organização do Atlântico Norte (OTAN), bem como os governos francês, alemão e italiano informaram estar acompanhando de perto o que está acontecendo na Rússia.
O Ministério da Defesa do Reino Unido orientou o cancelamento de viagens à Rússia, alertando para o risco de distúrbios em todo o país. “Nas próximas horas, a lealdade das forças de segurança da Rússia, e especialmente da Guarda Nacional Russa, será a chave para o desenrolar desta crise. Isso representa o desafio mais significativo para o Estado russo nos últimos tempos”, informou a pasta do Reino Unido.
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Andrzej Duda, presidente da Polônia, um dos países aliados da Ucrânia, disse estar atento às fronteiras orientais, além de estar consultando aliados e o Ministério da Defesa.
Zelensky: “os chefes da Rússia não controlam nada”
O único chefe de Estado categórico sobre a situação até o momento foi Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia. Desde 24 de fevereiro de 2022, o país vive sob invasão militar russa.
“Hoje [24] o mundo viu que os chefes da Rússia não controlam nada. Absolutamente nada. Um completo caos. Completa ausência de previsibilidade. Em primeiro lugar, o mundo não deve ter medo. Nós sabemos o que nos protege. A nossa unidade. A Ucrânia definitivamente será capaz de proteger a Europa de qualquer força russa, não importa quem a comande”, disse Zelensky no Twitter, pedindo mais armas para a “real defesa”.
“O que nós, ucranianos, faremos? Vamos defender nosso país. Vamos defender nossa liberdade. Não ficaremos em silêncio e não ficaremos inativos. Nós sabemos como ganhar – e isso vai acontecer”, escreveu o presidente ucraniano. “E o que os russos farão? Quanto mais as suas tropas permanecerem em terras ucranianas, maior devastação elas trarão para a Rússia. Quanto mais tempo essa pessoa estiver no Kremlin, mais desastres acontecerão”, finaliza.
Edição: Raquel Setz