Guerra da Ucrânia

'Estado de emergência': rompimento de represa na Ucrânia inunda 80 assentamentos

Milhares de pessoas foram evacuadas e sete seguem desaparecidas após destruição de barragem

Rio de Janeiro |
Forças de segurança ucranianas atuam durante evacuação de uma área inundada em Kherson em 7 de junho de 2023, após danos sofridos na barragem da usina hidrelétrica de Kakhovka. - Aleksey Filippov / AFP

Após o rompimento da barragem da usina hidrelétrica de Kakhovskaya, no distrito de Nova Kakhovka, foi declarado na manhã desta quarta-feira (7) um estado de emergência em toda a região de Kherson. 

A cidade de Nova Kakhovka, localizada a cerca de cinco quilômetros da hidrelétrica, está praticamente toda alagada. De acordo com o prefeito de Nova Kakhovka nomeado por Moscou, Vladimir Leontiev, o nível da água na cidade subiu mais de dez metros. Além disso, a cidade de Alyoshki, que fica a cerca de 60 quilômetros de Nova Kakhovka, também está quase coberta de inundações. Várias outras cidades e vilas foram parcialmente inundadas. As autoridades pró-russas e ucranianas da região de Kherson anunciaram uma evacuação. As partes não relataram vítimas ou mortes.

Kherson foi uma das regiões do leste da Ucrânia anexadas pela Rússia em outubro do ano passado, mas as forças ucranianas retomaram parte significante do controle da região. O território é palco de constantes disputas entre os dois países. Desta forma, parte da região afetada pelo rompimento da represa é controlada pela Rússia, outra parte está sob controle da Ucrânia. 


Forças de segurança ucranianas transportam residentes locais em um barco durante uma evacuação de uma área inundada em Kherson em 7 de junho de 2023. / Aleksey Filippov / AFP

Segundo estimativas das autoridades pró-Rússia que controlam a região de Kherson,14 assentamentos se encontravam na zona de inundação, onde vivem de 22 mil a 40 mil pessoas. Segundo o prefeito de Nova Kakhovka, pelo menos sete pessoas desapareceram na cidade e várias aldeias do território ocupado ficaram completamente submersas. 

Leontiev acrescentou que pelo menos 100 pessoas na cidade de Nova Kakhovka estão presas e milhares de animais selvagens foram mortos após o colapso da barragem. 

Já o primeiro-ministro da Ucrânia, Denys Shmyhal, afirmou que 80 assentamentos da região de Khserson estão parcial ou totalmente inundados. Cerca de 1,3 mil residentes locais foram evacuados. 


Um residente local nada perto de uma casa em uma área inundada em Kherson em 7 de junho de 2023, após a destruição da barragem da usina hidrelétrica de Kakhovka. / Olexander Kornyakov / AFP

A Rússia e Ucrânia trocaram acusações mútuas sobre a responsabilidade pela destruição da represa. As autoridades ucranianas afirmam que a explosão da usina hidrelétrica foi realizada por volta das 3h da manhã, provavelmente por militares das forças armadas da Federação Russa. Segundo a inteligência ucraniana, os russos realizaram as principais obras nas minas na primavera do ano passado, logo após assumir o controle da estação.

A Rússia nega veementemente todas as acusações e afirma que a destruição da central hidroelétrica foi "uma sabotagem deliberada do lado ucraniano" realizada com mísseis. De acordo com o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, um dos objetivos da ação seria privar a Crimeia do abastecimento de água. 


Milhares de pessoas foram evacuadas em ambos os lados do rio Dnipro devido às inundações causadas pela destruição da barragem de Kakhovka em 6 de junho de 2023. / Olexander Kornyakov / AFP

O Secretário-geral da ONU, António Guterres, declarou na última terça-feira (6) que pelo menos 16 mil pessoas perderam suas casas como resultado da destruição da barragem da usina hidrelétrica de Kakhovskaya.

"Dado o risco de [interrupções] no fornecimento de água potável, esse número pode aumentar em vários milhares", disse a jornalistas. 

Já o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, conversou por telefone tanto com o líder ucraniano Volodymyr Zelensky, e com o presidente russo, Vladimir Putin, e propôs a criação de uma comissão internacional para investigar o colapso da barragem hidrelétrica.

Edição: Thales Schmidt