Agroecologia

Em dois anos, unidades agroecológicas em Maricá produzem 22 toneladas de alimentos

Iniciativa beneficia 13 instituições públicas do município; cidade também tem projeto que desenvolve hortas urbanas

Brasil de Fato | Maricá (RJ) |
Mais de 60 variedades vegetais, entre hortaliças, raízes, tubérculos, frutíferas e plantas medicinais, são produzidas nas unidades agroecológicas - Divulgação

O município de Maricá, na região metropolitana do Rio de Janeiro, é referência quando o assunto é agroecologia. Em novembro de 2022, a cidade participou da Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), no Egito, com o objetivo de apresentar a experiência local de incentivo à produção orgânica aliada a técnicas de preservação do meio ambiente.

Um desses projetos, que tem feito a diferença na cidade, é a unidade de produção agroecológica. A parceria entre a Cooperativa de Trabalho em Assessoria a Empresas Sociais em Assentamentos de Reforma Agrária (Cooperar) junto ao poder público do município existe desde 2016.

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A iniciativa consiste na gerência de duas unidades agroecológicas: uma no loteamento Manu Manuela, no bairro São José de Imbassaí; e outra na Fazenda Pública Joaquín Piñero, em Espraiado, estimada como a maior área destinada à plantação da agricultura familiar no município. Além da gestão das áreas, o projeto também inclui assistência técnica à Praça Agroecológica Emilton Santos (Praça Agroecológica), em Araçatiba.

De acordo com Andrea Maas, responsável pela coordenação administrativa do termo de colaboração do projeto entre a Secretaria Municipal de Agricultura, Pecuária e Pesca (Secapp) e a Cooperar, mais de 60 variedades vegetais, entre hortaliças, raízes, tubérculos, frutíferas e plantas medicinais são produzidas nas unidades e destinadas à população em vulnerabilidade alimentar.

"Atualmente, produzimos alimento agroecológico com finalidade de distribuição a 13 instituições beneficentes atuantes no município de Maricá e pré-cadastradas ao termo, como asilos, casa de acolhimentos, creches entre outros", explica a bióloga que destaca também o trabalho da iniciativa com as sementes agroecológica.

"Possuímos, atualmente, um banco de sementes crioulas com mais de 20 espécies, que servem para reprodução nas Unidades de Produção Agroecológicas e para distribuição em Maricá e aos visitantes que tenham interesse em realizar plantios", afirma.

De grão em grão 

Entre outubro de 2020 e maio de 2023, as unidades agroecológicas Manu Manuela e Joaquín Piñeiro produziram um total de 22 toneladas de alimento agroecológico. O projeto trabalha recuperando o solo e a medida que ele vai melhorando a colheita aumenta. Além de se preocupar com a qualidade do alimento que vai para a mesa da população local, também investe em formação e estimula a vocação agrícola dos moradores de Maricá.

A Fazenda Pública Joaquín Piñeiro, que homenageia o dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) felecido em 2021, comporta estruturas para auxiliar o ensino dos jovens, como áreas de plantio e um capril - para a criação de cabras.  

A área fértil da fazenda é dividida em unidades de produção para moradores do município. A ideia é que essa parte do projeto atenda às famílias do campo, que têm aptidão para produzir, mas não conseguem porque não têm um pedaço de terra.

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Segundo Maas, cerca de 1.575 pessoas são favorecidas com os plantios das Unidades de Produção Agroecológica. A bióloga ressalta que a partir das capacitações e atividades nas unidades houve o estímulo à formação da Rede Agroecológica de Maricá, o Sábado Agroecológico e a Feira da Agricultura Familiar.

"O grande diferencial [do projeto] é alinhar a recuperação do solo e preservação ambiental, produzir alimentos agroecológicos e consequentemente entregar a instituições públicas, e junto promover capacitações no âmbito da agroecologia e repasse de sementes crioulas, por meio de uma parceria entre a secretária de agricultura, uma cooperativa de trabalho e um movimento social", conclui.

Horta em Casa

Um dos desafios do município é ampliar o debate sobre a agroecologia para as áreas urbanas da cidade. Uma das iniciativas que tem conquistado pouco a pouco a população é o projeto Horta em Casa.  

Prestes a completar um ano no mês de julho, o programa está presente nos quatro distritos do município: Inoã, Itaipuaçu, Ponta Negra e sede e possui 450 famílias cadastradas.  

O projeto fomenta a produção de alimentos saudáveis e livres de veneno nas residências fornecendo assistência técnica especializada para o desenvolvimento de uma agricultura urbana que pode se tornar um complemento na renda familiar.

"Ele é focado no contexto urbano e periurbano. Também atinge a área rural, mas é focado no urbano para materializar o debate sobre a agroecologia, para que as pessoas vejam o que é colocar a semente na terra, uma muda, como é cuidar e se alimentar, e que, a partir daí, elas possam entender o contexto e a importância de produzir alimentos saudáveis", explica o coordenador da iniciativa Virlei da Silva.

O Horta em Casa é uma das vertentes do Ecossistema Bem-viver Alimentar, uma parceria entre o Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação de Maricá (ICTIM) e a Cooperativa de Trabalho em Assessoria a Empresas Sociais em Assentamentos de Reforma Agrária (COOPERAR). Os interessados em participar podem mandar um WhatsApp para (21) 97278-8344.

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Mariana Pitasse