Após a vitória de Recep Tayyip Erdogan nas eleições da Turquia no último domingo (28), o porta-voz do governo turco criticou a pressão que nações do Ocidente exerceram para que o país adotasse sanções contra a Rússia, por causa da guerra na Ucrânia.
"Os outros países não nos pressionaram? Claro, eles nos pressionaram", disse o porta-voz..
"Por um ano e meio, os países ocidentais têm exercido uma pressão incrível sobre nós, eles vêm e exigem sanções, perguntam por que estamos cooperando com a Rússia e assim por diante. Mas nós não ouvimos, e realizamos a cerimônia de entrega do primeiro combustível à usina nuclear de Akkuyu."
No final de abril, Rússia e Turquia formalizaram oficialmente a entrega de combustível nuclear à unidade de energia nº 1 da usina nuclear de Akkuyu, que está sendo construída com a participação de Moscou. É a primeira usina nuclear da Turquia. De acordo com o presidente Recep Erdogan, todas as unidades de energia serão colocadas em operação até 2028.
Anteriormente, o porta-voz do governo turco havia declarado que a adoção de sanções contra a Rússia iria apenas prejudicar a própria Turquia.
No último domingo (28), o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, consolidou a sua reeleição após derrotar o candidato centrista Kemal Kilicdaroglu com 52% dos votos. O rival da oposição teve 47,84%.
Autoridades russas repercutem reeleição de Erdogan
As eleições foram acompanhadas com bastante expectativa por Moscou, pois uma possível alternância de poder poderia redefinir os rumos da política externa da Turquia em relação à Rússia, considerando as boas relações entre Erdogan e o líder russo, Vladimir Putin.
Por isso, várias autoridades russas celebraram a reeleição de Erdogan. O vice-presidente do Conselho da Federação, Konstantin Kosachev, declarou que a Turquia assume no mundo uma posição equilibrada, defendendo em grande medida um "mundo multipolar". De acordo com ele, a linha de política internacional adotada pela gestão de Erdogan "é em muitos aspectos consonante com o posicionamento que caracteriza a política externa russa".
Ele acrescentou que o resultado das eleições presidenciais significa a manutenção da continuidade nas relações russo-turcas. "Nós nos vemos como parceiros na solução de muitos problemas globais de nosso tempo. E esta é uma contribuição muito poderosa para como nosso país e o mundo ao nosso redor se sentem", enfatizou.
Já o primeiro vice-chefe do Comitê de Assuntos Internacionais da Duma estatal (câmara baixa do parlamento russo), Dmitry Novikov, observou que a política da Turquia "é um exemplo de abordagem multivetorial, que, por sua vez, leva à formação de um mundo multipolar". Segundo o deputado, a Rússia conta com a continuidade dos projetos econômicos conjuntos, com a manutenção de uma "linha estável" (de relações bilaterais) por parte da Turquia.
O senador russo Alexei Pushkov também celebrou a vitória de Erdogan, afirmando que a reeleição representa a manutenção do vetor da política externa de Ancara, "subordinado aos próprios interesses do país, e não aos interesses de forças externas que buscam determinar a política turca. Em sua opinião, tanto o desejo da sociedade turca pela independência nacional quanto a irritação devido à pressão constante do Ocidente são perceptíveis.
"A trajetória de Erdogan não atende aos nossos interesses em tudo. Mas seu apoio de grande parte da sociedade turca significa uma relutância em retornar ao domínio dos EUA. Seria um retorno ao século 20. A Turquia se vê em um novo século 21 - um século de multipolaridade e mudanças nos campos de força estabelecidos. Ela olha para o futuro", escreveu Pushkov em seu canal no Telegram.
Mais cedo, o presidente russo, Vladimir Putin, parabenizou Erdogan por sua vitória nas eleições presidenciais de 28 de maio. Ele observou que o resultado da votação foi "um resultado natural do trabalho altruísta" do político como chefe da Turquia e uma prova do apoio do povo aos seus esforços para fortalecer a soberania do estado.
Edição: Rodrigo Durão Coelho