Diversas entidades e movimentos se reúnem na próxima terça-feira (30) para a 1ª Conferência Nacional Livre de Saúde Quilombola da história do Brasil. O evento histórico discutirá online questões como atenção, atendimento, prevenção, entre outros pontos, para essas populações.
Ao longo de cerca de 450 anos de história dos quilombos no Brasil, nunca houve uma conferência dedicada a discutir suas especificidades no campo da saúde. Com o evento desta terça-feira, as comunidades pretendem colocar em debate o direito à saúde alinhado à luta por terra e território.
"Essa conferência veio num ponto crucial, porque na pandemia que se passou os povos mais atingidos fomos nós, a população negra, quilombola e desassistida, que ainda precisa ter inclusão no sistema. As conferências vêm para que nós realmente façamos a construção. Porque a nossa vida está em jogo", afirma Graça Epifânio, coordenadora do Coletivo de Saúde da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais e Quilombolas.
Com o tema "A saúde quilombola como política pública: Em defesa da democracia, do direito à terra e por um novo modelo de saúde dentro dos territórios quilombolas", a 1ª Conferência Nacional Livre de Saúde Quilombola faz parte do calendário oficial da 17ª Conferência Nacional de Saúde, marcada para 02 a 05 de julho em Brasília.
A ideia do evento é estabelecer um marco para as comunidades quilombolas, em um espaço para debater demandas específicas e buscar soluções que promovam a igualdade e o respeito às tradições ancestrais. A expectativa é impulsionar ações e políticas.
Em 2020, a mobilização em torno da luta pelo acesso prioritário à vacinação contra a covid-19 resultou na garantia desse direito. Agora, o foco é ampliar a atenção básica, respeitar a medicina ancestral e tradicional quilombola, garantir maior representatividade dos quilombolas no controle social da saúde e promover uma política nacional de saúde quilombola.
"A Conferência é histórica e importante porque ela perpassa pelo nosso território. Não tem como fazer saúde se você não tem um território. Não tem como fazer saúde se você não tem um mínimo de estrutura. É esse o nosso diferencial até hoje, é isso que nos torna diferentes, ao ponto de querer uma conferência quilombola, uma conferência para falar das nossas especificidade, das nossas dificuldades. Porque. Somos nós que estamos. Nos lugares que ainda até hoje não tem luz, não tem água potável. Então é sobre essa saúde que nós temos que lutar e se afirmar até hoje é sobre isso."
O evento é organizado pela CONAQ, em parceria com o Conselho Nacional de Saúde (CNS) e outras 18 instituições representativas, movimentos sociais e organizações políticas. Haverá transmissão on line ao vivo, a partir das 18 horas. Para se inscrever, acesse o link.
Edição: Rodrigo Durão Coelho