'fato traumático'

Diretor da PRF pede desculpas à família de homem morto em 'câmara de gás' há um ano em Sergipe

Morte ocorreu durante abordagem policial; direção da PRF na época chegou a responsabilizar a vítima

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Genivaldo de Jesus Santos morreu há um ano em ação da PRF em Sergipe - Reprodução/Redes sociais

O atual diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Fernando Oliveira, pediu desculpas nesta quinta-feira (25) à família de Genivaldo de Jesus de Jesus Santos, homem que foi morto dentro de uma "câmara de gás" improvisada montada por agentes da corporação em Umbaúba (SE) há exatamente um ano.

Oliveira disse que o comando da PRF trabalha para evitar que episódios semelhantes voltem a acontecer, e disse que o fato foi "traumático" sob a ótica da corporação e, principalmente, da família da vítima.

"Por isso, eu externei a minha consternação, a minha solidariedade à família e fiz o pedido formal de desculpa a família. E é um evento que nós não queremos ver se repetir", disse, durante apresentação de um projeto de uso de câmaras nos uniformes da PRF.

A postura de Oliveira destoa da que foi adotada pela gestão bolsonarista que comandava a corporação na época da morte de Genivaldo. Em nota divulgada na época, a PRF tentou transferir à vítima a responsabilidade pela própria morte.

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"[Genivaldo] resistiu ativamente a uma abordagem de uma equipe PRF. Em razão da sua agressividade, foram empregadas técnicas de imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo para sua contenção", dizia o texto, sem explicar como "instrumentos de menor poder ofensivo" puderam causar a morte.

Vídeos que circularam na internet mostram que, antes de morrer, Genivaldo foi imobilizado, colocado no porta-malas de uma viatura e sufocado com gás disparado pelos agentes da PRF. Dias mais tarde, a corporação mudou o discurso e lamentou a morte.

Três policiais envolvidos na abordagem foram presos. Eles respondem pelos crimes de tortura e homicídio triplamente qualificado. No último mês de abril, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu manter as prisões preventivas.

Edição: Thalita Pires