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Sâmia Bomfim impõe primeira derrota a Ricardo Salles na abertura da CPI do MST

Relator de CPI, o ex-ministro bolsonarista tentou mudar nome da comissão para criminalizar MST

São Paulo | SP |
Antes da investigação da CPI, Salles pareceu ter antecipado seu relatório - Foto: Divulgação/TV Câmara

Na leitura do Plano de Trabalho da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigará o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), nesta terça-feira (23), o relator da comissão, o deputado federal Ricardo Salles (PL-SP), surpreendeu seus pares ao alterar o título do documento. 

Quando instalada, na última quarta-feira (7), o título da comissão aprovado pelos parlamentares era “CPI do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST)”, nomenclatura que consta, inclusive, no requerimento para a criação do grupo, de autoria do deputado federal Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS).

Mas, neste primeiro dia de trabalho, ele decidiu alterar o título da comissão, que passou a ser “Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar a invasão de propriedade, depredação de patrimônio público e privado e crimes correlatos.”

A medida foi alvo de críticas e protestos da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e o presidente da comissão foi obrigado a recuar e ordenar que o nome da CPI voltasse ao escopo original, que havia sido determinado pelos deputados. 

“Ele simplesmente distorceu, deliberadamente, sem nenhum pudor, aquilo que foi a leitura, abertura e intuito real dessa CPI. Já falamos isso, a intuição dessa CPI é criar uma distração sobre os reais crimes que estão sendo cometidos nesse país”, disse Sâmia Bomfim (PSOL-SP). 

“O plano de trabalho, se não for corrigido, já é o relatório prévio do relator”, criticou a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), em seguida. “Já que teremos uma CPI sem objeto, que seu objetivo seja mantido e não aumentado, com esse texto, que já criminaliza o MST”, concluiu a petista.

Por fim, Bomfim alertou a oposição sobre os riscos da comissão para a direita. “Já teve outras CPIs do MST e não serviu de nada, o movimento segue vivo, forte e pujante. Essa CPI será uma grande propaganda para que mais pessoas se engajem na luta pela reforma agrária no país”


Integrantes da CPI do MST / Brasil de Fato

 

Edição: Rodrigo Durão Coelho