8/1

PT indica nomes para CPMI dos Atos Antidemocráticos

Trabalhos da comissão que apura atos golpistas podem começar já na próxima semana

Brasil de Fato | Brasília (DF) |

Ouça o áudio:

“Na verdade, é a CPMI do golpe. O que nós vamos fazer durante esse processo é demonstrar isso”, afirma Rogerio Correia - Gustavo Bezerra

O Partido dos Trabalhadores (PT) indicou, nesta quinta-feira (11), os nomes da Federação Brasil da Esperança (PT-PCdoB-PV) que devem compor a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Antidemocráticos por parte da Câmara dos Deputados.

O líder da bancada na Casa, Zeca Dirceu (PT- PR), formalizou a escolha dos deputados Rubens Pereira Júnior (PT-MA), Rogério Correia (PT-MG) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ) como membros titulares do colegiado. Já os deputados Arlindo Chinaglia (PT-SP), Carlos Veras (PT-PE) e Delegada Adriana Accorsi (PT-GO) foram escolhidos como suplentes.

“Na verdade, é a CPMI do golpe. O que nós vamos fazer durante esse processo é demonstrar isso”, disse Correia ao Brasil de Fato. O colegiado teve a criação formalizada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), no último dia 26, durante sessão conjunta do Congresso Nacional, e está na fase de indicação de membros por parte dos partidos. Os trabalhos podem ter início na próxima semana.

A instituição da CPMI veio após forte pressão de parlamentares da oposição. O grupo tenta criar uma armadilha retórica para incriminar a gestão Lula por suposta irresponsabilidade na proteção do patrimônio público no dia 8 de janeiro, quando uma massa de extremistas pró-Bolsonaro invadiu e depredou os prédios dos Três Poderes, em Brasília (DF).  

Inicialmente, logo após a ocorrência dos atos, alguns parlamentares governistas defenderam e assinaram o pedido de criação da CPMI, mas a base foi abrindo mão da ideia aos poucos, inclusive sob pressão do governo. Colaboraram para a desistência as dificuldades de consolidação de uma tropa do Planalto no Congresso e a velocidade das investigações sobre o 8 de janeiro no âmbito da Polícia Federal, do Supremo Tribunal Federal (STF) e de outros órgãos envolvidos.

A gestão Lula passou a considerar que, diante da elucidação crescente dos fatos com o trabalho das polícias e as ações tomadas pelo Judiciário, a CPMI teria o sentido esvaziado e ainda agravaria as dificuldades de aprovação de matérias no Congresso. Isso porque, historicamente, é comum que a instalação de CPIs e CPMIs reduza ou mesmo trave as negociações do governo de plantão junto ao Legislativo, além de ofuscar outras agendas de interesse da gestão.

Novos acontecimentos, porém, fizeram o governo voltar atrás em meados de abril. A divulgação de imagens que mostraram a presença do então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Gonçalves Dias, dentro do prédio do Planalto no dia dos ataques pegou a gestão Lula de surpresa e acabou fazendo com que o governo passasse a defender a CPMI para fortalecer as apurações.

Paralelamente, de lá para cá, deputados e senadores bolsonaristas passaram a manifestar, nos bastidores, preocupações com o avanço das investigações dos fatos, que cada vez mais têm se aproximado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados.

“Eles têm um poder de manipulação de narrativa tão grande que às vezes acham que podem repetir mentiras e transformá-las em verdade, mas acho que deram um tiro no pé. Já tem muita gente presa e certamente a CPMI vai colaborar pra fortalecer ainda mais a verdade que já tem se revelado”, considera Rogério Correia.

Edição: Rodrigo Durão Coelho