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Bolsonaristas querem criar 'versão alternativa da verdade' em CPMI, afirma cientista política

Mayra Goulart, da UFRJ, participou do "Central do Brasil" desta quinta; programa falou também sobre CPI do MST

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Bolsonaristas tentarão criar realidade paralela na CPMI - Marcelo Camargo/Agência Brasil

Criar "uma versão alternativa da realidade": este é o objetivo do bolsonarismo com a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos democráticos no Congresso. Quem afirma é a cientista política Mayra Goulart, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que participou, nesta quinta-feira (27), do programa Central do Brasil, de produção do Brasil de Fato.

Na entrevista, Goulart destacou que os parlamentares que compõem a base de apoio do agora ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vão tentar criar cenas que, apresentadas de maneira recortada e distorcida, farão com que seus apoiadores embarquem nessa versão alternativa.

Mesmo o governo tendo sido vítima de uma tentativa de golpe no último dia 8 de janeiro, parte da oposição embarcou, desde o início, na ideia de realização da CPMI. E, nesse contexto, é bastante provável que o tema gere desconforto para o entorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Toda CPI causa desgastes para o governo. Mesmo essa, que é sobre um acontecimento feito contra o governo. Porém, ela cria um espaço para pautas negativas na mídia, e também desvia a atenção daquilo que precisava estar sendo objeto da atenção, que são as negociações em termos de aprovação de políticas públicas", apontou Mayra Goulart.

CPI do MST em pauta

Central do Brasil desta quinta abordou também a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que vai investigar o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e outros movimentos populares na Câmara dos Deputados. A CPI foi formalizada na última quarta-feira (26) pelo presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL).

Em entrevista ao programa, a integrante da direção nacional do MST Ceres Hadich afirma que o movimento já passou por outras ameaças e pressões por parte de parlamentares e outros agentes. Mais uma vez, há uma tentativa de criminalizar a atuação.

"É uma CPI sem fato, sem objeto determinado, sem fato concreto para que possa ser instituída e efetivamente para que aconteça. Entendemos que isso é parte de uma disputa de narrativas, dessa disputa por dentro do aparato do Estado brasileiro", destacou.

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Lideranças do MST entraram em contato com Lira e outras lideranças parlamentares antes da instalação dos trabalhos da Comissão. "A gente colocou nosso entendimento para o Arthur Lira. A gente não entende a materialidade de instalar uma CPI neste momento, ela vem atrapalhar, não só o MST, mas o governo como um todo", destacou Hadich.

"O Movimento Sem Terra já caminha para os 40 anos, e desde os anos 1980, a gente traz, na bandeira da luta pela terra, a bandeira da função social da terra, do direito democrático ao acesso a terra e trabalho", complementou.

A edição desta quinta do Central marca ainda o Dia Nacional da Empregada Doméstica, celebrado neste 27 de abril. Após dez anos da assinatura da PEC que garantiu direitos trabalhistas à categoria, houve avanços, mas ainda há uma enormidade de desafios.

Assista o Central do Brasil desta quinta-feira na íntegra:

O programa Central do Brasil é uma produção do Brasil de Fato. Ele é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 12h30, pela Rede TVT e por emissoras parceiras espalhadas pelo país.

Edição: Nicolau Soares